Marques Mendes sobre queda do PIB: "Isto é um trambolhão monumental"

O comentador prevê falências, despedimentos e casos de salários em atrasos nos próximos meses e deixou ainda um recado ao ministro da Economia: "A verdade é sempre preferível à ilusão".

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Mafalda Tello Silva
02/08/2020 23:54 ‧ 02/08/2020 por Mafalda Tello Silva

Política

Marques Mendes

Na semana em que foi revelado que a economia portuguesa afundou 16,5% no segundo trimestre do ano, Luís Marques Mendes defendeu, este domingo, que apesar desta queda do PIB ser "previsível", a percentagem divulgada é "um trambolhão monumental"

No seu espaço de comentário habitual na SIC Notícias, o ex-dirigente do PSD sublinhou que esta queda não é de surpreender, dado que "na prática  durante os meses de abril e maio o país esteve em casa",  mas alertou que estamos perante "tempos muito difíceis".

Mais, para Marques Mendes, João Leão não está a fazer a leitura mais clara sobre os próximos meses: "Vi o ministro da Economia, que é de modo geral uma pessoa sensata, a dizer que já há sinais positivos, como quem diz 'o pior já passou'. Claro, que em matéria de PIB, o próximo trimestre vai ser melhor, em princípio, do que este. Agora, em termos sociais, vamos ser francos, o pior ainda está para vir. Diria que é preciso ter os pés bem assentes na terra". 

Salvaguardando que não quer "ser nem desmancha prazeres nem estragar as férias de ninguém", o comentador conjecturou que nos próximos meses Portugal vai viver um momento marcado por falências de empresas, pelo aumento do desemprego e por casos de salários em atraso. "Portanto, falemos a verdade às pessoas. A verdade é sempre preferível à ilusão", atirou.

E como recuperamos? Para o antigo ministro social-democrata há três eixos de 'ataque' imperativos para a recuperação económica do país. Em primeiro lugar, é necessário que "os nossos parceiros na Europa também recuperem", porque sem países como a Espanha, Alemanha, França ou Reino Unido as exportações estão paradas. 

Em segundo, é preciso "recuperar o sector do Turismo". "Por exemplo, o Algarve, este ano, está de uma categoria invulgar, mas faltam turistas. Há muitos poucos turistas. Temos de fazer tudo em termos de saúde pública para que não haja pretextos para acontecer aquilo que aconteceu, infelizmente, no Reino Unido".  

E, por fim, segundo Marques Mendes, "temos de esperar e apelar para que o Plano de Recuperação - que vai ser feito com base no dinheiro de Bruxelas - avance tão rápido quanto possível". "Não chega anunciar milhões. É preciso chegar às empresas, às pessoas e ao investimento", sustentou. 

Ainda sobre a recuperação económica, o comentador defendeu que o fim do lay-off simplificado foi "um erro" e que o novo apoio à retoma, lançado na semana passada pelo Governo, é "uma burocracia monumental". "Acho que ainda era preciso um pouco mais desta ajuda, sobretudo para evitar falências e o aumento do desemprego", argumentou, frisando também que as moratórias de crédito, que vão acabar em março do próximo ano, "precisavam de ser renovadas pelo menos até setembro de 2021". 

Marques Mendes concluiu que os próximos tempos "não vai ser fáceis", mas tem "a certeza de que vamos dar a volta". 

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