Em declarações à agência Lusa, o diretor de 'Capital Markets' da empresa disse que "mais do que nunca o primeiro semestre divide-se em primeiro e segundo trimestre, antes e depois de covid-19", referiu.
"Tivemos um primeiro trimestre com uma 'performance' absolutamente excecional devido a algumas transações que se iniciaram no final do ano passado, mas que acabaram por se concretizar só este ano, incluindo uma transação que já foi noticiada, a venda por parte da Sonae Sierra de uma posição relevante em alguns ativos", o que fez "com que os volumes de investimento alcançado fossem muito relevantes", indicou Fernando Ferreira.
"O que temos assistido nos últimos meses é que o apetite por parte dos investidores, pese a incerteza do mercado, mantém-se", garantiu, indicando que há "muitos com vontade de investir em Portugal" bem como "transações que estão, neste momento, a avançar" e que esperam concluir no "terceiro ou último trimestre" deste ano, referiu.
Ainda assim, Fernando Ferreira diz que "há segmentos que acabam por ser mais resilientes do que outros, nomeadamente os escritórios" e "tudo o que seja contratos com alguma duração, de retalho alimentar, supermercados e hipermercados".
Além disso, o diretor da consultora observou "um apetite cada vez maior para a classe residencial como investimento e não como produto de venda ao particular", algo que é uma tendência mundial.
"Muitos investidores olham para o residencial como uma classe de ativos muito resiliente e, por essa razão, procuram oportunidades em Portugal", indicou.
Também tudo o que está relacionado com a área de 'living', como residências seniores ou de estudantes, "continua a despertar interesse", garantiu.
Em sentido contrário está o retalho, que foi muito prejudicado pelo impacto da covid-19, nomeadamente a área de centros comerciais.
Fernando Ferreira destacou o impacto da legislação aplicada a estes espaços, no âmbito da pandemia e que passou pela suspensão de pagamentos de rendas fixas pelos lojistas.
"Não era expectável que pudesse ser aprovada uma medida destas que vai contra tudo aquilo que se espera possa acontecer numa relação entre privados. Enquanto a covid-19 estiver por cá vai criar restrições ao consumo", referiu, salientando que "existe por parte dos investidores um nível de prudência muito grande relativamente a tudo o que tenha a ver com o retalho".
"Falamos com investidores, gestores e ocupantes de centros comerciais e houve medidas de parte a parte para encontrar soluções que pudessem viabilizar os centros comerciais e os retalhistas no futuro e tentando encontrar acordos entre as partes", indicou.
"Esta medida chega muito tarde, quando já havia acordos a ser assinados e é do interesse também dos proprietários dos centros comerciais que os retalhistas possam estar em condições de voltar a operar as lojas", indicou Fernando Ferreira.
O responsável da JLL estima, ainda assim, que "o volume de investimento vá ultrapassar os 2,5 mil milhões de euros até ao final deste ano".
"Existem transações em 'pipeline' [projeto] que permitem chegar a esse número", assegurou, indicando mesmo que "algumas têm uma dimensão mais relevante" e que se todas forem concretizadas pode-se atingir "um cenário com volumes de investimento muito idênticos ao ano anterior".
No entanto, reconheceu, vive-se "num clima muito inconstante".