"Nenhuma nação foi poupada, a nossa humanidade coletiva está em risco, os efeitos serão profundos e prolongados, e será preciso um esforço massivo de ajuda aos países, em particular os africanos, para recuperarem da pandemia", disse Akinwumi Adesina no discurso de boas-vindas aos Encontros Anuais do banco.
"Nunca a necessidade de construir resiliência foi tão crítica para garantir o desenvolvimento económico, financeiro e ambiental" dos países africanos, disse o banqueiro, justificando a decisão de realizar pela primeira vez os Encontros em formato virtual com as medidas de contenção da propagação da covid-19.
"A decisão de reunir de forma virtual foi motivada pela necessidade de garantir a segurança de todos nestes tempos extraordinários, em que os limites ciência foram testados, o âmbito da capacidade orçamental foi esticado até limites inimagináveis e os ganhos económicos de décadas foram perdidos para a pandemia, que abalou economias, povos e instituições em todo o mundo", disse o banqueiro.
No discurso de boas vindas aos Encontros, que decorrem de terça a quinta-feira, Adesina lembrou os 10 mil milhões de dólares disponibilizados através de um instrumento financeiro específico de ajuda aos países africanos para combaterem os efeitos da pandemia e vincou que este apoio é financeiramente sustentável para o banco.
"Fomos rápidos a implementar o papel contracíclico de ajuda às economias, dentro dos nossos limites prudenciais, e o nosso apoio está a dar um alívio orçamental muito necessário, já que todos os países estão a lidar com um aumento da dívida, dos défices e com necessidade urgente de mais recursos", concluiu.
A reunião deste ano surge na sequência das críticas feitas pelos Estados Unidos à decisão da comissão de ética do banco, que ilibou o presidente do banco, Akinwumi Adesina, das acusações feitas por um conjunto anónimo de funcionários sobre favorecimento de familiares e atribuição de contratos.
A comissão nomeou um grupo de trabalho, do qual fazia parte a antiga Presidente da Irlanda, para validar as conclusões da investigação, tendo o grupo concluído que Adesina devia ser absolvido de todas as acusações feitas pelo grupo anónimo de funcionários e que o comité de ética analisou de forma isenta o caso.
Adesina deverá, por isso, ser eleito, para um novo mandato de cinco anos.
Em África, há 27.592 mortos confirmados em mais de 1,1 milhões de infetados em 55 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 805 mil mortos e infetou mais de 23 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.