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Área Metropolitana do Porto recusa anular concurso de autocarros

O presidente da Área Metropolitana do Porto (AMP) avisou hoje que não pode anular o concurso para o transporte rodoviário em curso só porque não ganhou "quem alguns querem" e desafiou as empresas portuguesas a refletir.

Área Metropolitana do Porto recusa anular concurso de autocarros
Notícias ao Minuto

17:01 - 28/10/20 por Lusa

Economia AMP

"Há uma coisa que nunca faria: viciar concursos. Não podemos ficar na posição do miúdo que leva a bola para a escola e só deixa jogar se ele próprio fizer parte da equipa. Acho que não pode acontecer", disse Eduardo Vítor Rodrigues, em declarações à Lusa, mostrando-se surpreendido e preocupado com o que tem "ouvido" a defender a anulação do concurso em face dos resultados preliminares.

O PCP do Porto defendeu no dia 21 que o concurso público de transporte rodoviário na Área Metropolitana do Porto (AMP) deve ser "interrompido" para que seja garantida a manutenção dos postos de trabalho e os direitos dos trabalhadores.

De acordo com o Jornal de Negócios, o transporte rodoviário de passageiros na AMP, vai ser operado, nos próximos sete anos, "por três empresas espanholas e duas portuguesas".

As empresas "Alça e Vectalia ofereceram preços mais baixos para os transportes da AMP, descendo aos 1,10 euros por quilómetro, e frotas com mais veículos verdes", revelou o jornal, acrescentando que, apesar de "terem vencido os cinco lotes, três irão para os segundos classificados como a Barranquense e Bus On Tour".

"É o mercado é concorrencial a funcionar", observou Eduardo Vítor Rodrigues.

Para o responsável, "também é preciso perguntar se não vale a pena refletir se cada um fez o que devia".

"Porque não foram as empresas todas espanholas que ganharam. A Feirense, por exemplo, não é espanhola, e veio em consórcio e para já está à frente de um lote", disse.

Eduardo Vítor Rodrigues questiona-se se o modo de gestão das empresas concessionárias durante os últimos anos foi o correto ou se poderiam ter tido uma preparação diferente para o concurso.

"Em vez de comprarem autocarros em condições, dotando a empresa de equipamento mais avançado, optaram por solução de compra de autocarros da Bélgica ou da Alemanha onde já não circulavam", observou, acrescentando que, em qualquer caso, como presidente da AMP tem de garantir o serviço público.

O presidente da AMP mostrou-se confiante de que as empresas vencedoras, mesmo sendo estrangeira, "não virá de fora trazendo os motoristas todos e trazendo tudo".

"Acho que vai haver aqui modelos de subcontratação que são legítimos e que podem ajudar a que haja uma integração das empresas e motoristas", afirmou.

O autarca, que lidera também a Câmara de Vila Nova de Gaia, rejeita que possa sequer imaginar-se a anulação de um concurso obrigatório por lei desde 2014, que há muito devia ter sido lançado porque as concessões são ilegais, apenas porque não ganhou "quem alguns querem".

"Arma-se o pânico e anula-se o concurso. Isso não faz parte do meu modelo de pensamento. Se querem resolver isso, resolvam no parlamento, criem uma lei, resolvam. Da minha parte, não posso anular concursos só porque não ganha quem alguns querem", afirmou, ressalvando, contudo, que existem apenas resultados provisórios decorrentes do relatório preliminar.

Eduardo Vítor Rodrigues salientou que, para além do critério preço, há outros tidos em conta, ou seja, uma empresa pode estar em primeiro lugar segundo o critério preço, mas não ganhar o lote.

Sublinhando que o concurso não permite que uma empresa vença mais do que um lote, o dirigente explicou ainda que vai ser feita agora a revisão dos documentos entregues pelos vários concorrentes e que uma falha pode levar à sua exclusão, pelo que é prematuro assumir resultados.

O autarca lembrou que não são apenas os transportes que são sujeitos a concurso público e que, de três em três anos, também há, por exemplo, concurso para as cantinas escolares e para a segurança.

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