"O Governo precisa de adotar medidas reais para capitalizar as empresas através de fundos não reembolsáveis ou outras medidas que permitam a sobrevivência das empresas" após a crise desencadeada pela pandemia da covid-19, disse Francisco Calheiros ao intervir no painel "Covid-19 e os Novos Desafios para o Turismo: da crise à recuperação" na conferência da associação t-Forum2020 (Tourism Intelligence Fórum).
Segundo Francisco Calheiros, as novas medidas "devem ser ajustadas à realidade, para que as empresas do turismo possam sobreviver e manter os postos de trabalho", num setor que é um dos pilares da economia do país.
"Se pudermos garantir a viabilidade das empresas do turismo, seremos capazes de recomeçar o crescimento da economia", sublinhou.
Entre as medidas preconizadas por Francisco Calheiros, estão a criação de fundos de financiamento não reembolsável, a continuidade do 'layoff' e a redução de impostos.
Para o presidente da CTP, o 'layoff' simplificado "tal como foi aplicado no início da pandemia, provou ser uma das medidas mais eficazes para parar o 'tsunami' na economia que está parada há cerca de nove meses".
"Vivemos num período muito atípico e todas as medidas devem ser no sentido de mitigar as atividades das empresas e esta pode ser apenas uma ajuda ajustada à presente realidade", defendeu.
Francisco Calheiros apontou a descida de impostos para o setor turístico, como uma medida "essencial para que as empresas sejam competitivas no mercado" e que possam iniciar a recuperação após a crise pandémica.
"Tal como é comum dizer-se, em todas as crises há oportunidades. Este é o caso e a oportunidade para investir nesta área para o crescimento interno da economia e para a criação de empregos. É o momento certo para preparar o setor para o futuro", apontou.
O painel "Covid-19 e os Novos Desafios para o Turismo: da crise à recuperação" contou também com a participação de Pedro Lopes, da cadeia de hotéis do Grupo Pestana, e de Francisco Pita, representante da ANA, - Aeroportos de Portugal, SA.
Para os oradores, a recuperação da economia e do setor turístico em particular, passa por "saber responder à nova realidade e aos novos desafios" causados pela pandemia da covid-19, nomeadamente com a implementação de medidas que sejam comuns a todos os países.
"São necessárias medidas nos aeroportos que sejam comuns a todos os países, de forma a que as pessoas sintam segurança para viajar, ao contrário do que sucedeu após a primeira onda da pandemia, período em que cada país adotou procedimentos diferentes e que tiveram reflexo no turismo", apontou Pedro Lopes do Grupo Pestana.
Por seu turno, o representante da ANA, empresa gestora dos aeroportos nacionais, defendeu a implementação de "testes rápidos e baratos nos aeroportos, como forma de criar maior segurança aos passageiros, até que seja encontrada uma vacina eficaz" para travar a covid-19.
Segundo Francisco Pimenta, "a crise pandémica vai obrigar a mudanças nos aeroportos, com medidas de segurança acrescidas, através de processos simples e eficientes".
A conferência mundial da associação t-Forum (Tourism Intelligence Forum) realizada através da plataforma digital Zoom, é dirigida a profissionais do setor do turismo, e tem como públicos-alvo empresas, instituições e agências envolvidas na criação ou aplicação de inteligência ao turismo, incluindo empresas órgãos públicos, parques científicos e tecnológicos, empresários, consultores e académicos.
A Universidade do Algarve participa na organização da conferência através do Centro de Investigação em Turismo, Sustentabilidade e Bem-Estar.
Sob o tema "Quebrar velhas barreiras para um mundo novo: mobilizar a inteligência para sobreviver", a conferência visa explorar as possibilidades de transferência de conhecimento e inteligência para o setor do turismo.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,2 milhões de mortos em mais de 48,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 2.740 pessoas dos 161.350 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.