"A moeda nacional permanece vulnerável às mudanças no sentimento global e deverá depreciar-se em mais de 60% em 2020 comparado com o ano passado, o que vai continuar a colocar pressão os preços do consumidor, devido à forte dependência de Angola dos bens importados", escrevem os analistas desta filial africana da britânica Oxford Economics.
Num comentário à evolução inflação em Angola, enviada aos clientes e a que a Lusa teve acesso, os analistas escrevem que "a implementação gradual de um IVA de 14%, bem como os antecipados aumentos nas propinas para a educação superior, vão continuar a pressionar a inflação em 2021".
Assim, os analistas dizem agora esperar uma inflação média de 22,4% este ano, agravando-se face aos 17,1% registados no ano passado, e prevendo que abrande o crescimento para 20% no próximo ano.
Os preços em Angola aumentaram 1,81% entre setembro e outubro, segundo um relatório mensal do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano, colocando a inflação acumulada a 12 meses no valor mais alto desde dezembro de 2017.
"Apesar das más condições económicas, a inflação continuou a subir em 2020, principalmente devido à queda no preço do petróleo este ano e à liberalização cambia do ano passado, que fez com que o kwanza tenha perdido 25% do seu valor desde o início do ano", apontam os analistas, lembrando que em média, em outubro, foram precisos 645 kwanzas para comprar um dólar, "o pior registo cambial de sempre".
Na proposta do Orçamento Geral do Estado angolano para 2021, Luanda estima uma taxa de inflação acumulada anual de 18,27% para o próximo ano.
No início de setembro, a agência de 'rating' Fitch previu uma recessão de 4% em Angola e uma subida da inflação para 24% durante este ano.
"A contração no setor petrolífero, combinada com a falta de liquidez em dólares, vai manter Angola no quinto ano consecutivo de recessão, com uma contração de 4% e uma aceleração da inflação para 24% este ano, bem acima da média dos países com nota B, de 4,8%", afirmou então a agência, acrescentando que a economia angolana "continua a ser limitada pelo alto nível de dependência de matérias-primas".
Devido à pandemia de covid-19, verificou-se uma redução do preço do barril de petróleo, o que levou a que os Estados-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus parceiros reduzissem a produção, de modo a equilibrarem o preço do barril de petróleo.