Um relatório estatístico mensal do Banco de Cabo Verde (BCV), com dados de dez meses de 2020, refere que os bancos cabo-verdianos contavam em outubro com depósitos de emigrantes de mais de 53.524 milhões de escudos (483,9 milhões de euros), uma quebra ligeira face a setembro, mas a oitava descida mensal consecutiva este ano.
Em fevereiro, antes dos primeiros efeitos da pandemia de covid-19 na generalidade dos países, e após aumentos mensais consecutivos, esses depósitos tinham atingindo um máximo histórico de 53.958 milhões de escudos (487,8 milhões de euros), conforme dados recolhidos pela Lusa a partir dos relatórios do BCV.
Em oito meses, os depósitos dos emigrantes cabo-verdianos nos bancos do arquipélago caíram cerca de 3,9 milhões de euros.
Cabo Verde conta com quase 600 mil habitantes no arquipélago e mais de um milhão na Europa e Estados Unidos da América, estando o sistema financeiro dependente das remessas enviadas pelos emigrantes e dos seus depósitos na banca.
Contrariamente aos depósitos bancários no país, as remessas absolutas enviadas pelos emigrantes para Cabo Verde continuaram a crescer em 2020, apesar dos efeitos económicos da pandemia de covid-19 nos países de origem.
O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, reconheceu este mês a importância para a economia nacional das remessas enviadas pelos emigrantes, que continuam a crescer e já representam 11,3% do Produto Interno Bruto (PIB) cabo-verdiano.
"As contribuições das remessas dos emigrantes têm sido importantes ao longo da história de Cabo Verde. São importantes para as famílias, para o financiamento da economia cabo-verdiana e também demonstra que a confiança tem aumentado, mesmo no período da pandemia", afirmou, durante um debate no parlamento sobre a diáspora cabo-verdiana.
O primeiro-ministro explicou que as remessas valiam 10,6% do PIB, em média, na legislatura de 2012 a 2015, mas que subiram para 11,3% no período de 2016 a 2019.
"E neste período de pandemia, ao contrário do que estava estimado, tem havido uma evolução positiva, um crescimento de 20% de junho de 2019 a junho de 2020", destacou Ulisses Correia e Silva, reforçando a importância destas remessas por continuarem a aumentar apesar das dificuldades económicas que os emigrantes cabo-verdianos também enfrentam nos países onde trabalham, devido à pandemia de covid-19.
A Lusa noticiou este mês que as remessas enviadas pelos emigrantes cabo-verdianos para aquele arquipélago aumentaram 3,1% até setembro, face ao mesmo período de 2019, para o equivalente a meio milhão de euros diários, segundo cálculos com base em dados oficiais do banco central.
Os emigrantes cabo-verdianos enviaram de janeiro a setembro deste ano remessas no valor de quase 14.918 milhões de escudos (134,8 milhões de euros).
Este valor compara com os quase 14.467 milhões de escudos (130,7 milhões de euros) de remessas enviadas para Cabo Verde pelos emigrantes no mesmo período de 2019, segundo dados anteriores do BCV.
O valor mensal mais baixo em vários anos registou-se em abril deste ano, pico do confinamento internacional devido à pandemia de covid-19, com apenas 1.177 milhões de escudos (10,6 milhões de euros) em remessas enviadas pelos emigrantes para Cabo Verde.
Em setembro último, esse valor ascendeu a 1.221 milhões de escudos (11 milhões de euros) -- uma quebra de 25% face ao mesmo mês de 2019 -, depois do pico superior a 2.016 milhões de escudos (18,2 milhões de euros) em julho.
Os emigrantes cabo-verdianos enviaram um novo recorde de remessas para o país em 2019, acima de 180 milhões de euros, quase 30% desde Portugal, segundo o histórico de dados do BCV.