PRR. Jovens querem investimento que lhes permita ter habitação própria

O Conselho Nacional de Juventude (CNJ) pediu hoje mais investimento público em habitação, que facilite o acesso não só a pessoas vulneráveis, mas também aos jovens, permitindo-lhes entrar na "bolha quase impenetrável" que o mercado imobiliário criou.

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Lusa
26/02/2021 17:43 ‧ 26/02/2021 por Lusa

Economia

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"É necessário investimento público na habitação acessível", defendeu Rita Saias, presidente do CNJ, num debate virtual organizado pelo Governo sobre as políticas de habitação no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no qual participaram a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, e o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos.

Rita Saias defendeu que o direito à habitação tem sido "dos menos consagrados" entre os que estão patentes na Constituição, sobretudo em comparação com a saúde e educação e alertou para a importância do acesso à habitação na emancipação dos mais jovens, que atualmente apenas conseguem ter casa própria com ajuda financeira familiar ou no decurso de heranças.

"Os jovens precisam de sentir que o Estado para o qual vão contribuir também é para eles", disse a presidente do CNJ, referindo as diferenças de investimento em parque habitacional público na Europa, apontando um peso de 2% de habitação de investimento público em Portugal contra os 40% da Holanda e uma média europeia de 10%, sublinhando que Portugal não pode ter "uma política de habitação pública minimalista".

A representante dos jovens pediu ainda atenção à habitação para estudantes universitários, pedindo respostas para o alojamento dos estudantes que vão para além das soluções de emergência encontradas no decurso da pandemia.

Do ponto de vista dos refugiados e requerentes de asilo, Mónica Farinha, do Conselho Português para os Refugiados (CPR), ressalvou a "abordagem centrada na dignidade humana" que reconhece e equipara as suas necessidades às dos cidadãos nacionais vulneráveis.

Mónica Farinha sublinhou a impossibilidade de antecipar e prever necessidades no caso dos requerentes de asilo que chegam ao país, uma vez que não é possível prever as chegadas nem o número de pessoas que chegam, mas assinalou que no caso dos refugiados, chegados a Portugal ao abrigo de programas internacionais, e do acolhimento de menores não acompanhados, fazem falta outras respostas que podem ser previstas no plano.

No caso dos menores não acompanhados, Mónica Farinha referiu que o centro de acolhimento que o CPR lhes tem destinado está "sucessivamente cheio" e que devem ser consideradas soluções como as aplicadas pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e pela Casa Pia, que colocam jovens em apartamentos tendo em vista a sua autonomização.

Também para os refugiados a presidente do CPR pediu soluções de habitação autónoma, sugerindo, por exemplo, que sejam encontradas respostas de habitação em zonas rurais associadas a um emprego, para promover a integração destas pessoas.

O PRR encontra-se em consulta pública até segunda-feira, permitindo que os cidadãos apresentem contributos para a versão final do plano.

O Plano de Recuperação e Resiliência de Portugal, para aceder às verbas comunitárias pós-crise da covid-19, prevê 36 reformas e 77 investimentos nas áreas sociais, clima e digitalização, num total de 13,9 mil milhões de euros em subvenções.

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