"Como todos os países, Angola sentiu o efeito grande da pandemia na economia, mas, ao mesmo tempo, já estava a tentar fazer a coisa certa mesmo antes da pandemia. Tinham começado reformas económica abrangentes, e também do lado da governação e das políticas", disse Selassie, notando que o país tinha "dificuldades significativas na dívida e na estabilização macroeconómica".
Na entrevista à Lusa concedida por videoconferência a partir de Washington, a sede do FMI, o diretor do departamento africano foi questionado sobre o protagonismo de Angola, que tem sido uma presença quase constante nas reuniões e nas conferências promovidas pelo Fundo nos últimos meses.
"O protagonismo de Angola tem a ver com o que o país tem para oferecer em termos de como navegar estas dificuldades complexas, tendo acesso ao mercado, o que é um reflexo de terem enfrentado estas dificuldades económicas e terem uma experiência para partilhar", explicou o responsável, concluindo que "Angola é um país que tem um conjunto complexo de questões".
De acordo com as mais recentes previsões do Fundo, Angola deverá recuperar da recessão económica de 4% em 2020, crescendo 3,2% já este ano, melhorando também o défice orçamental de 2,8% para um ligeiro desequilíbrio de 0,1% em 2021.
A dívida pública, que passou de 90% em 2018 para 120% no ano passado, deverá também melhorar para 107,5% este ano, ainda assim muito acima da média de 64% que o Fundo espera para as economias da África subsaariana e dos 46,4% que antevê para os países exportadores de petróleo este ano.
O programa de ajustamento financeiro foi acertado com o FMI em dezembro de 2018, num valor de 3,7 mil milhões de dólares, que foi em setembro aumentado para cerca de 4,5 mil milhões de dólares (de 3 mil milhões de euros para 3,7 mil milhões de euros), dos quais cerca de 3 mil milhões de dólares (2,5 mil milhões de euros) já foram entregues, e dura até final do ano.
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