Centenas de trabalhadores da Groundforce em Belém gritam pelos salários
Várias centenas de trabalhadores da Groundforce manifestam-se hoje frente ao Palácio de Belém, em Lisboa, pelos salários e pedem que a Pasogal aceite a proposta da TAP de aumento de capital de 6,97 milhões de euros.
© Lusa
Economia Groundforce
"Queremos os nossos salários", gritam os trabalhadores em frente ao Palácio de Belém, cujos representantes serão recebidos por uma equipa do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pelas 12:00.
Os trabalhadores da Groundforce não recebem os seus salários na íntegra desde fevereiro e pedem que o acionista maioritário, Alfredo Casimiro, da Pasogal, aceite a proposta que a TAP lhe fez no domingo, de um aumento de capital de 6,97 milhões de euros, que permitiria pagar os salários aos 2.400 trabalhadores.
"Aquilo que nós pedimos, e faço aqui um apelo ao senhor Casimiro , que aceite a proposta, aceite aquilo que lhe estão a pedir, preocupe-se com estes 2.400 trabalhadores, preocupe-se com os nossos filhos e que aceite a proposta e que nos deixe finalmente poder ter os nossos ordenados de volta e a estabilidade da nossa empresa de volta", afirmou Luísa Borba, membro da Comissão de Trabalhadores da Groundforce".
O movimento SOS 'handling' tem promovido várias manifestações ao longo dos últimos dias, em diversos pontos do país, apelando ao pagamento dos seus ordenados e contra a hipótese de insolvência da empresa.
"No dia 25 [de fevereiro] recebemos, pela primeira vez, um comunicado enviado pelo senhor Casimiro dizendo que não nos podia pagar o ordenado, mas que iríamos recebê-lo até ao dia 15 e que aquilo seria uma data muito conservadora. Nós estamos a dia 15 de março e aquilo que foi pago foi 500 euros, o resto dos nossos ordenados ainda não caíram na conta", disse Luísa Borba, membro da CT.
Os manifestantes começaram a reunir-se em frente ao Palácio de Belém pelas 11:00 e foram somando mais participantes ao longo da manhã, incluindo trabalhadores que se deslocaram do Porto e que foram recebidos ao som da música de Zeca Afonso, "Grândola, Vila Morena".
Durante a manifestação, os trabalhadores da Groundforce instalaram um caixão no jardim em frente à residência oficial do Presidente da República, onde estenderam os seus coletes refletores e depositaram flores.
"Sabemos que é uma causa que se tornou querida para o Presidente da República, que percebeu quer a importância estratégica, quer a importância da empresa no país, no desenvolvimento da economia, na contribuição para o turismo", apontou Luísa Borba.
Os trabalhadores da Groundforce esperam que Marcelo Rebelo de Sousa possa "exercer alguma pressão" sobre o acionista da Pasogal, no sentido de desbloquear o impasse em que se encontram as negociações com a TAP.
"Acima de tudo, [Alfredo Casimiro] que deixe de mentir aos trabalhadores e assuma, de uma vez por todas, que não tem condições para ficar e aceite que aquilo que está a ser proposto, que é mais do que justo, é mais do que merece", acrescentou Luísa Borba.
No domingo, o grupo TAP propôs disponibilizar à Groundforce 6,97 milhões de euros, através de um aumento de capital e não de um adiantamento, como estava a ser negociado, para desbloquear o impasse e evitar um "cenário de rutura iminente".
"O valor em causa será disponibilizado pelo Grupo TAP à SPdH [Groundforce], não a título de adiantamento do pagamento de serviços a prestar pela SPdH à TAP, mas através de um aumento do capital social da SPdH, de 500.000 euros para 7.470.000 euros, mediante a subscrição de 697.000 novas ações ordinárias a emitir com o valor nominal de 10 euros cada, a realizar por novas entradas em numerário, e a subscrever integralmente por uma empresa do Grupo TAP [o "Aumento de Capital SPdH"]", lê-se numa carta, a que a Lusa teve acesso, enviada hoje pela TAP ao acionista maioritário da Groundforce, a Pasogal, de Alfredo Casimiro.
Na semana passada soube-se que as ações da Pasogal já estão penhoradas, não podendo ser dadas como garantia para receber um adiantamento da TAP que serviria para pagar os salários aos 2.400 trabalhadores, nem para um empréstimo, para fazer face às necessidades de tesouraria a curto e médio prazo.
A informação foi dada por Alfredo Casimiro, dono da Pasogal, ao fim de vários dias de negociações com o Ministério das Infraestruturas, em que concordou ceder as ações como garantia para viabilizar a empresa.
A SPdH -- Serviços Portugueses de Handling (Groundforce) é detida em 50,1% pela Pasogal e em 49,9% pelo grupo TAP, que, por sua vez, é detido em 72,5% pelo Estado português.
[Notícia atualizada às 14h50]
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