A atribuição do prémio de antiguidade a todos os trabalhadores e a uniformização do pagamento das horas noturnas, sem discriminação dos trabalhadores mais novos na empresa, são outras das reivindicações.
"O aumento salarial que se registou foi de nove euros, e apenas a partir de outubro de 2020", criticou Sérgio Sales, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte (Site-Norte).
Segundo o sindicalista, esta é uma situação "inadmissível", uma vez que está em causa uma empresa que, mesmo em ano de pandemia, conseguiu "lucros de milhões".
A fasquia colocada pelos trabalhadores para o aumento salarial é de 90 euros.
Os trabalhadores querem ainda a redução gradual do horário do trabalho, que poderia começar por 30 minutos por dia, até atingir as 35 horas.
Em relação ao prémio de antiguidade, Sérgio Sales disse que não está a ser pago aos trabalhadores que entraram a partir de 2013.
Já o pagamento de horas noturnas é processado a partir das 20:00 para os mais antigos e das 22:00 para os mais novos.
"Parece que para uns anoitece mais cedo do que para outros", criticou.
Segundo o líder sindical, esta "discriminação" representa cerca de 300 a menos no salário dos trabalhadores mais novos na empresa.
Hoje, os trabalhadores estão a cumprir uma greve parcial, de duas horas por turno, que, ainda de acordo com Sérgio Sales, está a ter uma adesão superior a 90 por cento.
O sindicalista deixou o aviso à administração de que a luta poderá passar por "medidas mais sérias", designadamente "uma greve com outras proporções", caso não se sente à mesa para discutir e negociar o caderno reivindicativo.
Trabalhadora na APTIV há 32 anos, Cândida Pereira não se conforma com o facto de a empresa não dar ouvidos às reivindicações dos trabalhadores, quando "continua a dar lucros de milhões".
"No ano passado, em plena pandemia, a empresa vendeu mais 15 milhões do que no ano anterior. Mais 15 milhões", reiterou.
Disse ainda não ser "admissível" que os trabalhadores mais novos na empresa não tenham os mesmos direitos que os mais antigos.
Outra trabalhadora, que não se quis identificar "para não ter problemas", disse que a luta contra a discriminação "será para levar até ao fim".
"Sinto-me prejudicada nas diuturnidades, no subsídio de turno e nas horas noturnas. Eu e muitas", referiu a trabalhadora, há 10 anos na empresa e a receber o salário mínimo nacional.
Multinacional no setor de fabricantes de material elétrico e eletrónico, a APTIV tem cerca de 800 trabalhadores na fábrica de Braga.
A Lusa tentou ouvir a administração da APTIV, mas sem sucesso.
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