"Apelamos ao Governo português para que corrija esta situação de clara injustiça concorrencial e asfixia económica que torna ainda pior um cenário já de si catastrófico", sustenta o SPAC numa carta enviada na segunda-feira ao ministro das Infraestruturas e Habitação e a que agência Lusa teve hoje acesso.
Segundo o sindicato, "milhares de passageiros" estão a contornar a proibição de voos para o Brasil com origem em Portugal -- decidida pelo Governo no âmbito das restrições decorrentes da pandemia - através da utilização dos 'hubs' de Madrid, Paris, Amesterdão, Zurique e Frankfurt.
Esta situação, sustenta, torna "a medida profilática de proibição de voos meramente teórica e com prejuízo grave para a TAP, que neste momento de 'cashburn' devia estar a lutar em pé de igualdade com as congéneres".
"Vê-se assim a TAP perante uma situação em que os seus potenciais passageiros fazem um 'bypass' aos voos para estes mercados, do qual o Brasil é o mais importante", afirma, lamentando que as companhias congéneres europeias continuem, assim, "a ganhar quota de mercado, tão importante neste momento".
O sindicato argumenta que "a situação é ainda mais incompreensível, quando são os próprios consulados portugueses no Brasil a dar indicações para quem necessita de se deslocar a Portugal, sugerindo a utilização de outros aeroportos na Europa, como porta de entrada".
"Após uma rápida análise nos sites da Ibéria, Air France/KLM, Lufthansa e Swiss, constatamos que todas estão a comercializar voos de e para o Brasil, tendo como origem ou destino Portugal, a preços abaixo de custo (São Paulo -- Lisboa via Madrid por 285 euros ou via Amesterdão por 278 euros)", reporta.
"Desta forma -- acrescenta - torna-se ainda mais difícil a recuperação económica da nossa companhia, dando espaço para que as nossas principais concorrentes ganhem quota de mercado à custa do vazio deixado pela TAP e dando azo a que, numa próxima vez, milhares de passageiros não escolham a TAP por já terem adquirido bilhetes noutra companhia".
Em 20 de março, o Governo alargou até 15 de abril a suspensão dos voos com o Reino Unido e Brasil e o isolamento profilático de 14 dias passa também a aplicar-se à fronteira terrestre para países de alto risco.
Segundo uma nota do executivo, apenas estão permitidos os voos de repatriamento e os cidadãos que cheguem a Portugal provenientes do Brasil e Reino Unido, nos voos de repatriamento ou através de escalas, bem como da África do Sul ou de países com taxa de incidência igual ou superior a 500 casos por 100 mil habitantes (como França ou Itália) têm não só de apresentar o comprovativo de teste negativo como cumprir um período de isolamento profilático de 14 dias.
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