É certo que a crise gerada pela pandemia do novo coronavírus não afeta todos por igual, mas a verdade é que muitos estão confrontados com a necessidade de poupar. Poupar em tempos de crise pode ser um desafio acrescido, mas há algumas estratégias que podem ajudar.
A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) reuniu um conjunto de dicas, que vão desde os impostos à banca, e podem ser uma ajuda para as famílias portuguesas.
Impostos
IRS
- Não se esqueça de ir validando as faturas deste ano. Tudo o que fique pendente no e-fatura não é considerado para efeitos de dedução.
- Comunique o seu agregado familiar correta e atempadamente. Esta informação é importante, sobretudo, no caso de pais com dependentes em guarda partilhada.
IMI
- A DECO disponibiliza um simulador, a partir do qual pode verificar se pode poupar com o pedido de avaliação do seu imóvel. Tem até 31 de dezembro para entregar o pedido nas Finanças. Pode estar a pagar imposto a mais.
- Cumpra o prazo de pagamento. O atraso de qualquer uma das prestações, para imposto de valor superior a 100 euros, implica logo o pagamento de, pelo menos, 17 euros.
PPR
- Se tiver algum dinheiro de parte, invista num PPR, recomenda a DECO. "Faça-o pelo montante que permite o benefício fiscal máximo. Esse valor depende da idade do subscritor, mas, por exemplo, com 2000 euros, pode obter um retorno de 400 euros no IRS".
Proteção a arrendatários com perda de rendimentos
- Algumas medidas de proteção dos arrendatários no quadro da pandemia correspondem, entre outras, à suspensão dos efeitos do fim de contratos de arrendamento habitacional e não-habitacional e à caducidade dos contratos de arrendamento (habitacionais e não-habitacionais).
- Se o seu contrato de arrendamento termina a 1 de maio, não tem de entregar a casa ao senhorio nesse dia - saiba mais sobre este tema aqui.
Negociar com as seguradoras
- Até 30 de setembro, quem tenha dificuldade em pagar prémios de seguros deverá contactar a companhia para tentar acordar um regime mais favorável (fracionamento, suspensão ou adiamento, por exemplo).
- Deve, ainda, evitar a duplicação de seguros. Tão-pouco será boa ideia contratar seguros ou coberturas desnecessários.
Água, gás, eletricidade e comunicações
- Até 30 de junho, não é permitida a suspensão dos serviços públicos essenciais (fornecimento de água, energia elétrica, gás natural e comunicações eletrónicas). No entanto, há nuances no caso das comunicações eletrónicas: a proibição só é aplicável em caso de desemprego, queda de rendimentos do agregado familiar igual ou superior a 20% ou infeção por Covid-19.
- Caso existam valores em dívida relativos ao fornecimento de água, energia elétrica, gás natural e comunicações eletrónicas, deve ser elaborado (em tempo razoável) um plano de pagamento adequado aos rendimentos do consumidor.
- Os consumidores que, entre 1 de outubro e 31 de dezembro de 2020, tenham tido o fornecimento de serviços (água, energia elétrica, gás natural e comunicações eletrónicas) suspensos devido a desemprego, quebra de rendimentos do agregado igual ou superior a 20% ou infeção por Covid-19, e que tenham acordado um plano de pagamento, podem requerer a reativação do fornecimento sem qualquer custo.
Contas, cartões e comissões bancárias
- Se tenciona abrir conta bancária, pode consultar o simulador da DECO. "Ao abrir conta, escolha um banco que não cobre comissões de manutenção. Quem tem apenas um destes depósitos pode convertê-lo numa conta de serviços mínimos bancários, disponível em todas as instituições."
- Se tiver várias contas com comissão de manutenção, analise se precisa mesmo de todas.
- Utilize, se possível, os serviços de movimentação da conta à distância, como o homebanking e as caixas automáticas. Os custos são mais baixos e, no último caso, gratuitos.
- Verifique se tem cartões de débito e/ou crédito que não utiliza e aos quais estão a ser cobradas anuidades. Se for assim, cancele-os.
- Troque o cartão de crédito por uma versão sem anuidade ou sujeita a um valor mais reduzido.
- Verifique ainda a taxa de juro do cartão de crédito. Caso não pague habitualmente os extratos a 100%, tente renegociar a taxa com o banco, sobretudo se o contrato for anterior a 2010.
- Quanto a créditos, procure melhores condições, tanto no seu banco como na concorrência. Se for caso disso, transfira o empréstimo.
- Se tiver vários créditos e cartões, pode tentar juntar todos, ficando com uma única prestação. A soma pode até ficar mais cara no final, mas no imediato conseguirá uma poupança mensal.