"Tivemos adesão quase total. No primeiro turno, além dos encarregados, apenas entraram três pessoas na mina e mais três pessoas na lavaria. Já no segundo turno, a adesão foi de 100%, quer dentro da mina, quer na lavaria", afirmou, em declarações à agência Lusa, Luís Paulo Mendes, do Sindicato Mineiro.
A greve de duas horas diárias começou hoje e prolonga-se até ao dia 08 de maio, abrangendo também o trabalho suplementar.
Os mineiros exigem aumentos salariais de 50 euros por cada trabalhador, enquanto a Beralt Tin and Wolfram Portugal (empresa que detém a exploração das minas e que é propriedade do grupo canadiano Almonty) começou por oferecer 0,5% no salário base, tendo depois subido para 0,75%, acrescido de outros aumentos nos subsídios.
Realizada na última semana durante uma reunião com mediação da Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT), a proposta da empresa foi rejeitada pela estrutura sindical, que lembra que a empresa pretende fazer outros investimento e que "dinheiro é coisa que não falta".
"A adesão mostra bem o descontentamento destes trabalhadores, que têm condições de trabalho duríssimas e que não veem o seu esforço reconhecido", afirmou, em declarações à agência Lusa, Manuel Bravo, a Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Impressa, Energia e Minas (Fiequimetal), que está no local a acompanhar o primeiro dia de greve.
Rejeitando a acusação de intransigência que a empresa dirige ao STIM, Manuel Bravo vincou que tem a indicação é de que a greve "continuará a ser massiva" no terceiro turno e que será mantida enquanto a empresa não responder "às justas reivindicações" dos mineiros.
Em contrapartida, a Beralt Tin and Wolfram Portugal tem garantido que já está a fazer o esforço máximo com a proposta apresentada, que diz chegar aos 1,6%, se concentrados os valores do aumento no salário base (,075%) e dos subsídios de turno.
Frisando que a situação pandémica trouxe graves consequências ao setor, a empresa alega que só nos últimos nove meses registou um prejuízo acumulado de 4,4 milhões de euros e salienta que está a oferecer mais do que várias empresas do setor energético que optaram por não apresentar qualquer proposta de aumento.
As Minas da Panasqueira são a única exploração de extração de volfrâmio a laborar em Portugal e empregam cerca de 250 trabalhadores, essencialmente oriundos dos concelhos da Covilhã e Fundão, no distrito de Castelo Branco.
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