"Aveiro tem todas as possibilidades de aumentar o seu 'hinterland' e tirar um proveito importante da infraestrutura ferroviária, particularmente a partir do momento em que esta requalificação terminar em 2023", disse Carlos Fernandes, durante a conferência 'online' "Corredor Atlântico: A competitividade territorial do Porto de Aveiro".
O vice-presidente da IP referiu estar, atualmente, em curso um investimento de cerca de 600 milhões de euros na linha da Beira Alta, que liga os Portos de Leixões e de Aveiro à fronteira de Vilar Formoso, que vai permitir uma redução de cerca de 30% nos custos de transporte ao longo deste eixo e o aumento para mais do dobro da capacidade da Linha, com o aumento da frequência e da dimensão dos comboios.
As obras incluem ainda a construção de uma nova concordância que vai ligar a linha do Norte à linha da Beira Alta e que, segundo Carlos Fernandes, permitirá um ganho de cerca de 45 minutos dos comboios que vão do Porto de Aveiro para Espanha.
O vice-presidente da IP referiu ainda que estão a ser feitos estudos para a criação de um terminal multimodal na zona da Guarda e, quanto ao terminal de Cacia, em Aveiro, revelou que em breve deverá ser lançado um concurso para a sua concessão.
Carlos Fernandes disse ainda haver "boas notícias" do lado de Espanha, adiantando que o país vizinho está a eletrificar a continuidade da linha da Beira Alta, desde a fronteira de Vilar Formoso até Salamanca.
Na mesma ocasião, a presidente do Conselho de Administração do Porto de Aveiro, Fátima Alves, realçou o investimento que está a ser feito na Zona de Atividades Logísticas e Industriais (ZALI), que, na sua opinião, terá "um futuro promissor em termos de área de acolhimento de novas indústrias e de áreas de armazenagem".
O projeto ZALI insere-se na estratégia de afirmação do Porto de Aveiro como um nó logístico na cadeia de transporte do Corredor Atlântico, representando um investimento global de 14,2 milhões de euros,
A administradora considerou ainda muito importante que o Porto de Aveiro venha a fazer parte integrante da rede 'core' da Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T), sob pena de colocar em causa vários investimentos que estão previstos para a próxima década.
"Na forma em que o Porto de Aveiro se está a projetar para um futuro promissor, com características únicas no panorama nacional, não faz nenhum sentido não estarmos na rede 'core'", afirmou.
Já o vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, Eduardo Anselmo Castro, realçou que o Porto de Aveiro, "deve ser cada vez menos um porto de granéis e de estruturas pesadas, mas antes um porto de contentores, com um alto valor específico".
A mesma opinião foi partilhada por Carlos Vasconcelos, presidente da Medway, um operador ferroviário privado, que considerou que o Porto de Aveiro "não irá beneficiar dos investimentos que estão a ser feitos na ferrovia se continuar com o atual modelo de exploração no que respeita às cargas".
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