No relatório mensal sobre o mercado petrolífero publicado hoje, a AIE reconhece, em qualquer caso, que até que a pandemia esteja sob controlo a perspetiva da procura "está mergulhada na incerteza", como o prova claramente o forte aumento da epidemia na Índia.
De facto, os peritos da AIE reviram em baixa as previsões sobre o consumo de petróleo este ano -- e mais especificamente no primeiro semestre -- em menos 270.000 barris por dia em relação ao que estimaram há um ano, devido à Índia, mas também tendo em conta os dados relativos ao primeiro trimestre na Europa e na América do Norte.
A agência prevê agora um crescimento anual em 2021 de 5,4 milhões de barris por dia (depois da queda histórica de 6,6 milhões em 2020) para uma média de 96,4 milhões de barris por dia.
Os dois primeiros trimestres serão mais fracos do que o previsto pela agência, no primeiro devido ao impacto das restrições na Europa devido ao elevado número de contágios e ao efeito da onda de frio este inverno em partes dos Estados Unidos.
No segundo trimestre por uma expectativa claramente inferior em relação à procura da Índia (menos 630.000 barris por dia), compensada apenas em parte por um aumento superior ao previsto da Coreia do Sul, Estados Unidos e China.
A agência sublinha que, com o atual cenário de produção da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a taxa de aumento não será suficiente para acompanhar a taxa de crescimento da procura, que poderá provocar uma maior redução dos 'stocks' acumulados, como já aconteceu nos últimos meses.
Em março, o declínio dos 'stocks' industriais da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) foi de 25 milhões de barris para um total de 2,951 mil milhões, o que significa que o diferencial em relação à média de 2016-2020 se tinha reduzido para um nível quase insignificante de 1,7 milhões de barris. E esta tendência tem continuado em abril.
Assim, a AIE acredita que o cartel do petróleo poderia suavizar ainda mais as restrições que impôs a si próprio durante quase um ano para conter o colapso do preço do petróleo, que ocorreu após a eclosão da crise da pandemia, particularmente tendo em vista a revisão da sua política agendada para 01 de junho.
Em abril e nos primeiros dias de maio o preço de um barril de petróleo subiu acentuadamente.
A AIE recorda que no início de junho deverá ficar claro se as negociações indiretas entre Washington e Teerão sobre o programa nuclear iraniano permitirão que o Irão regresse ao mercado com o seu petróleo no caso de uma eventual revisão das sanções.
Em abril, a produção global de petróleo bruto aumentou em 330.000 barris por dia para uma média de 93,4 milhões de barris.
Os autores do relatório assumem, com os elementos conhecidos até à data, que durante 2021 essa produção aumentará em pouco mais de 1,4 milhões de barris por dia, dos quais 820.000 serão provenientes da OPEP e 620.000 dos restantes países, particularmente do Canadá.
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