NB. Havia dificuldade em comunicar com área de conformidade do BESA
Uma das diretoras de conformidade ('compliance') do Novo Banco e BES, Paula Gramaça, disse hoje no parlamento que havia dificuldades de comunicação do banco português com o BES Angola, apesar de não haver recusa taxativa de partilha de informação.
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Economia Novo Banco
"Os nossos colegas de Angola não estavam muito recetivos. Nunca dizendo que não, nunca diziam que não estavam disponíveis a implementar ou para dar informação, mas de facto havia sempre alguma coisa que impedia que a informação chegasse", disse hoje Paula Gramaça no parlamento.
A responsável, que faz ainda parte do departamento de conformidade do Novo Banco, foi hoje ouvida na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.
"Isto acabava por não só ser nessa área de controlo interno, que é, no fundo, como é que o banco implementava as suas obrigações de conhecimento dos clientes, de análise das transações", disse ainda aos deputados Paula Gramaça.
A antiga responsável do BES referiu ainda que "só mais tarde", quando Rui Guerra entrou na administração do BESA, é que "há uma abertura".
"O dr. Rui Guerra contratou um 'compliance officer', portanto, uma pessoa para as funções de 'compliance' do BESA, que veio a Portugal", tendo aí existido "uma tentativa de apreender" como eram os procedimentos na casa-mãe, que deveriam ser replicados em Angola.
A primeira de três audições agendadas para hoje contou apenas com perguntas dos deputados Duarte Alves (PCP), Eduardo Barroco de Melo (PS) e Mónica Quintela (PSD).
Questionada pela deputada social-democrata sobre quem, em Portugal, "é que sabia o que se estava a passar em Angola", Paula Gramaça disse recordar-se que, "em termos da instituição", O BESA reportava ao antigo presidente do BES Ricardo Salgado.
"Não quer dizer que tenha sido, durante este período sempre, porque houve uma altura em que o dr. Morais Pires ficou com o pelouro da área internacional", referiu.
A exposição do BES ao BESA entre 2008 e 2014 passou de 1.700 para 3.300 milhões de euros, sendo correspondente a 47% dos fundos próprios do BES à data da resolução.
A exposição do BES ao BESA esteve coberta, até pouco depois da resolução do BES, por uma garantia soberana de Angola, assinada pelo Presidente da República de então, José Eduardo dos Santos, e cuja validade foi reiterada pelo ministro das Finanças, Armando Manuel, tendo depois sido revogada.
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