Na sua última reunião, esta quarta-feira, o Comité de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, por unanimidade e num momento em que a pandemia de covid-19 ainda está fora de controlo no país, dar continuidade à subida da taxa de juros que se iniciou em março, após quase seis anos de cortes que levaram o indicador ao mínimo histórico de 2%.
A taxa de juros volta agora ao seu nível mais alto desde 05 de fevereiro de 2020, algumas semanas antes da confirmação do primeiro caso de covid-19 no país.
"Neste momento, o cenário básico do Copom indica ser apropriada a normalização da taxa de juros para patamar considerado neutro. Esse ajuste é necessário para mitigar a disseminação dos atuais choques temporários sobre a inflação", afirmou o Banco Central em comunicado.
Essa nova subida de 0,75 pontos, a terceira consecutiva com o mesmo valor, surgiu em linha com o que era esperado pelo mercado financeiro, que, por outro lado, prevê que o Brasil encerre 2021 com uma taxa básica de juros ainda mais alta, de 6,25%.
Nesse contexto, o Banco Central frisou que prevê "outro ajuste da mesma magnitude" para a sua próxima reunião, que será em agosto, embora tenha ressaltado que uma "deterioração" das projeções poderia "exigir uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários".
O órgão brasileiro assinalou que a atividade económica do país, "apesar da intensidade da segunda vaga da pandemia", que tem sido mais letal do que a primeira, "mostra uma evolução mais positiva do que o esperado", com uma redução "significativa" dos riscos para a recuperação.
No entanto, "a persistência das pressões inflacionárias revela-se maior do que o esperado, principalmente entre os bens industriais", indica o comunicado.
Entre janeiro e maio, a inflação acumulada atingiu 3,22%, quando a meta para este ano é de 3,75% com margem de tolerância de 1,5 pontos percentuais em ambos os sentidos (2,25% - 5,25%).
Só em maio passado, os preços subiram 0,83%, o maior resultado para o mês desde 1996.
Soma-se a isso, segundo o Banco Central, "a lentidão da normalização nas condições de oferta, a resiliência da demanda e implicações da deterioração do cenário hídrico sobre as tarifas de energia elétrica, que contribuem para manter a inflação elevada no curto prazo", apesar da "recente valorização do real".
O comunicado cita ainda, entre outros riscos possíveis, um agravamento da já preocupante situação fiscal do país e um atraso na aprovação de reformas e ajustes que, segundo o órgão, "são essenciais para permitir uma recuperação sustentável da economia" do Brasil.
O Brasil continua a ser um dos países mais afetados do mundo pela pandemia, totalizando 493.693 óbitos e 17.628.588 infeções.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.824.885 mortos no mundo, resultantes de mais de 176,5 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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