A informação consta do relatório e contas de 2020 do International Investment Bank Cabo Verde (iiBCV), que prevê a aplicação dos lucros apenas em reservas legais (10%) e outras reservas (90%), tal como já tinha acontecido em 2019 e também para precaver repercussões económicas da pandemia de covid-19 por orientação do banco central.
O iiBCV fechou 2020 com um resultado líquido superior a 190,3 milhões de escudos (1,7 milhões de euros), um crescimento de 29,2% face aos lucros de 147,2 milhões de escudos (1,3 milhões de euros) em 2019 e os prejuízos de 270,8 milhões de escudos (-2,4 milhões de euros) em 2018 e de 55,9 milhões de escudos (-503 mil euros) em 2017.
"A atividade desenvolvida ao longo de 2020 traduziu um aumento da qualidade dos resultados, com a componente operacional a assumir maior preponderância na contribuição para o resultado líquido de 190.362 milhares de escudos, decorrente de um aumento do produto bancário em 62%, com devido reflexo na melhoria dos principais indicadores de performance", lê-se na mensagem do presidente do conselho de administração do iiBCV, Sohail Sultan, que consta do relatório, a que a Lusa teve hoje acesso.
Acrescenta que o desempenho de 2020, apesar das consequências económicas da pandemia em Cabo Verde, é explicado também pela "significativa contribuição de fundos parqueados junto do banco por clientes de segmentos diferenciados e do modelo de gestão de tesouraria e portfolio proprietário", os quais "contribuíram para a decorrente diversificação das fontes de financiamento e o estabelecimento de parcerias institucionais com correspondentes além-fronteiras".
"Num processo de desenvolvimento contínuo, o iiBCV é hoje uma organização mais robusta e preparada para enfrentar mais exigentes desafios e condicionantes económicas, de competitividade e de mercado", garante o presidente do conselho de administração.
Em 31 de dezembro de 2020, o iiBCV apresentava uma carteira de 1.965 clientes ativos, dos quais 1.541 particulares, residentes e não residentes (incluindo emigrantes), e 424 empresas, nacionais e estrangeiras, "estas últimas maioritariamente estabelecidas em Cabo Verde".
O número total de novos clientes cresceu 20% face ao agregado de 2019, "sendo, em especial, de realçar o crescimento assinalável verificado no segmento empresa, não obstante a conjuntura que se viveu durante todo o ano de 2020".
A carteira de crédito global do banco cresceu 18% em 2020, para mais de 5,4 mil milhões de escudos (48,5 milhões de euros). Já a carteira de crédito vencido do iiBCV totalizava no final de 2020 cerca de 136 milhões de escudos (1,2 milhões de euros), valor que equivale a cerca de 2,5% da carteira global de crédito, representando "uma redução homóloga de 47%".
O balanço do iiBCV atingiu em 2020 quase 19,6 mil milhões de escudos (176,3 milhões de euros), um crescimento de 29% face a 2019.
Os recursos de clientes, em depósitos, registaram um crescimento homólogo de 7,5%, "em larga medida suportado pelo crescimento dos depósitos dos clientes nacionais do segmento de empresas", aumentando para mais de 14,2 mil milhões de escudos (127,7 milhões de euros).
O iiBCV, até 2019 designado por Banco Internacional de Cabo Verde (BICV) e antes Banco Espírito Santo Cabo Verde, iniciou a atividade em julho de 2010 e até meados de 2018 foi integralmente detido pelo Novo Banco de Portugal.
Em 11 de julho de 2018, após aprovação das entidades de supervisão, 90% das ações representativas do capital social foram adquiridas pelo iiB Group Holdings WLL (iibGroup), com sede no reino de Bahrain, que tem como objetivo adquirir e administrar ativos bancários no Oriente Médio e em África.
A mudança de marca de BICV para iiBCV só foi concluída em meados de 2019, com o Novo Banco (através do Novo Banco África) a manter-se como parte da estrutura acionista, com uma participação minoritária de 10%.
O iibCV tem atualmente presença física nas ilhas de Santiago e do Sal e conta com 40 trabalhadores.
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