De acordo com o relatório e contas de 2020 do banco, recentemente aprovado pelos acionistas e ao qual a Lusa teve hoje acesso, o resultado líquido do BI caiu para quase 283,8 milhões de escudos (2,5 milhões de euros), contra os 477,3 milhões de escudos (4,3 milhões de euros) no ano anterior, que representou então um crescimento de quase 188% face a 2018.
Apesar de admitir os efeitos económicos e sanitários da pandemia de covid-19 no exercício da atividade, a administração reconhece que o banco encerrou o exercício de 2020 "com uma evolução muito positiva dos seus principais indicadores de atividade, consolidando-se e reforçando-se como banco de referência do Grupo Caixa Geral de Depósitos em Cabo Verde".
"De entre estes indicadores, não posso deixar de salientar a expressiva recuperação de crédito registada e o reforço da solvabilidade: além de termos continuado a estratégia dos anos mais recentes, ficámos melhor preparados para os desafios do futuro próximo. Com efeito, o desafio da pandemia não está ultrapassado, nem na vertente sanitária e muito menos nas frentes económica e financeira, mas a experiência já granjeada irá permitir-nos enfrentar e ultrapassar os desafios do futuro com muito maior confiança. A retoma económica chegará e um novo normal irá instalar-se, mas não será o de antes da pandemia", alerta o presidente do conselho de administração, José João Guilherme, na mensagem que consta do relatório e contas.
No documento, o conselho de administração refere que recomendou aos acionistas que a proposta de aplicação de resultados "contribua da melhor forma possível para o reforço da solidez do banco", aplicando os dividendos em reservas legais (10%) e na constituição de reservas livres e resultados transitados (90%). Contudo, salvaguarda que face ao reforço dos rácios de capital "já atingidos", estão reunidas as condições "para que, logo que o banco central o permita" -- desde 2020 que o Banco de Cabo Verde pede aos bancos para aplicar os lucros em reservas, para mitigar efeitos da crise económica provocada pela pandemia de covid-19 -- "retomar a distribuição de dividendos".
O capital social do Banco Interatlântico está avaliado em 1.000 milhões de escudos (9,1 milhões de euros) cabendo à Caixa Geral de Depósitos uma quota de 70% na estrutura acionista. Em Cabo Verde, aquele grupo estatal português lidera ainda o Banco Comercial do Atlântico, um dos maiores do arquipélago, tendo a administração iniciado o processo para a alienação da sua participação, ficando apenas com o Banco Interatlântico.
Em 2020, o ativo líquido do banco diminui 0,7%, para 24.274 milhões de escudos (219,3 milhões de euros), o crédito líquido a clientes subiu 4%, para 19.161 milhões de escudos (173,1 milhões de euros) e os capitais próprios aumentaram 14%, para 2.746 milhões de escudos (24,8 milhões de euros).
Os recursos dos clientes (depósitos) à guarda do Banco Interatlântico diminuíram 2,2%, para 21.111 milhões de escudos (190,7 milhões de euros), enquanto o rácio do crédito em situação de vencido, sobre o total concedido, caiu 4,1 pontos percentuais, para 9,1%, quando comparado com 2019.
O Banco Interatlântico fechou 2020 com nove agências e 159 trabalhadores.
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