Segundo balanço financeiro da empresa divulgado na noite de segunda-feira, o resultado foi impulsionado pelos segmentos de distribuição e transmissão de energia que foram favorecidos pela alta da demanda e pela entrada em operação parcial de dois lotes de linhas de transmissão da empresa, ambos na região sul do país, além da conclusão da aquisição, no mercado secundário, do lote de linhas de transmissão Mata Grande Transmissora de Energia, no estado do Maranhão, na região nordeste.
O EBITDA (sigla para lucro antes de taxas, impostos, depreciação e amortização), que indica a geração de caixa da empresa, acumulado nos seis primeiros meses do ano totalizou 1,8 mil milhões de reais (301 milhões de euros), uma elevação de 43,8% face ao primeiro semestre de 2020.
A EDP Brasil registou lucro de 344 milhões de reais (56,3 milhões de euros) no segundo trimestre do ano, um avanço de 45,2% face ao mesmo intervalo de 2020.
No segundo trimestre, o EBITDA chegou a 800 milhões de reais (131 milhões de euros), uma elevação de 36% sobre o período de abril a junho do ano anterior.
O presidente da EDP Brasil, João Marques da Cruz, frisou que o segmento de distribuição de energia teve um desempenho positivo "fundamentalmente pelo aumento de energia distribuída, que acaba por ter um impacto sempre vantajoso".
"O volume de energia [distribuída] cresceu 16% face a período homólogo, no segundo trimestre comparado com o segundo trimestre do ano passado, ambos os trimestres já com pandemia (...) notou-se que nas nossas áreas de distribuição houve um aumento muito significativo", avaliou Marques da Cruz.
Ainda no segmento de transmissão de energia, a EDP destacou em seu balanço financeiro que conquistou em junho o Lote 1 do Leilão de Transmissão realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) do Brasil, que interligará os estados do Acre e Rondónia, através da construção de 350 quilómetros de redes de transmissão.
Com a nova aquisição, a EDP chegou a 1.924 quilómetros de linhas em seu portfólio de transmissão e elevou sua presença para 15 estados brasileiros.
"Os resultados positivos apresentados no segundo trimestre e no primeiro semestre como um todo mostram que estamos no caminho certo, seguindo nossa estratégia 2021-2025 de priorizar os investimentos nas chamadas redes reguladas de transmissão e distribuição", destacou o presidente da EDP Brasil.
Questionado sobre a mais grave crise hídrica em 91 anos que atinge o Brasil e tem levado grande preocupação ao Governo e empresas que atuam no mercado de geração de energia como a EDP Brasil, Marques da Cruz disse acreditar que a companhia trabalhou de forma consistente para mitigar qualquer impacto adicional.
"Nós conseguimos gerir e mitigar o risco hidrológico e tivemos de facto ações proativas que anteciparam movimentos do mercado e, por isto, conseguimos que nossa geração tivesse um comportamento favorável face ao ano passado. Resumidamente, a distribuição é aquela que explica a melhora dos resultados e no resto das atividades acabamos por ficar números em linha com aquilo que antevíamos e que era possível neste ano", apontou Marques da Cruz.
Para o segundo semestre, quando grande parte do Brasil enfrentará um período mais extremo de seca, o Presidente da EDP avaliou que será importante continuar a adoção de medidas de antecipação.
"Atrevo-me a dizer, que no segundo semestre não haverá surpresas desagradáveis por parte da EDP no gerenciamento desta crise hídrica (...) Os números demonstram isto e no fim do ano vão demonstrar também a nossa capacidade de gerenciar", disse o executivo.
"É obvio que é um risco acrescido, uma grande exposição hídrica tem um risco, mas neste ano este risco está a ser gerenciado com sucesso", concluiu.
Em continuidade ao plano de investimentos definido para o período de 2021 a 2025, a EDP Brasil informou investimentos em distribuição e transmissão, que aumentaram 45,2% e de 47%, no trimestre e no semestre, respetivamente.
Na distribuição de energia os investimentos totalizaram 267,3 milhões de reais (43,7 milhões de euros) e 491,8 milhões de reais (80,5 milhões de euros), aumento de 51,6% e de 43,2%, no trimestre e no semestre, respetivamente.
Os principais investimentos foram direcionados para obras de expansão de subestações e redes de distribuição de energia para ligações de novos clientes, melhorias da rede, telecomunicações e informática e em projetos relacionados a combate às perdas.
A EDP Brasil indicou ainda que encerrou o segundo trimestre com uma dívida líquida, considerando a geração operacional e os dispêndios de caixa no período, de 8 mil milhões de reais (1,3 mil milhões de euros), dado que indica um aumento de 29,9% face ao saldo de 2020.
A companhia salientou que "segue a implementação do plano de captações estabelecido em 2021, com a finalidade de alongar o prazo médio da dívida e suportar os vencimentos previstos para os próximos meses, que em parte, referem-se às dívidas captadas durante o início da pandemia".
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