Portugal com menos residentes e mais litoralização na última década
Portugal tem hoje cerca de 10,3 milhões de residentes, segundo os resultados preliminares do Censos 2021 divulgados hoje, que registam um decréscimo populacional na última década e cada vez maior concentração da população no litoral do país.
© REUTERS/Pedro Nunes
Economia Censos2021
Menos residentes, metade da população concentrada num décimo dos municípios e um padrão de litoralização cada vez mais acentuado. Este é parte do retrato da evolução de Portugal na última década, segundo os primeiros resultados dos Censos 2021, que foram hoje divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Pela primeira vez desde 1970, Portugal registou um decréscimo populacional em dez anos e, no total, o país tem hoje 10.347.892 residentes, 4.917.794 dos quais homens (48%) e 5.430.098 mulheres (52%).
São menos 214.286 pessoas do que em 2011, o que representa uma redução de 2% na última década, que resultou do saldo natural negativo (-250.066 pessoas, dados provisórios) e que nem o saldo migratório positivo foi suficiente para inverter.
A maioria das zonas do país perdeu habitantes, mas nem todas: Nos últimos 10 anos, dos 308 municípios portugueses, 257 registaram decréscimos populacionais e 51 registaram um aumento. Na década anterior tinham assistido a quebras populacionais 198 municípios.
Olhando para as Unidades Territoriais para Fins Estatísticos de nível II (NUTS II), o Algarve e a Área Metropolitana de Lisboa (AML) foram as únicas duas exceções.
De acordo com os resultados dos Censos 2021, o Algarve registou um crescimento populacional de 3,7% e a AML de 1,7%, sendo que nas restantes o número populacional diminuiu, com destaque para o Alentejo, que registou a quebra mais expressiva, com -6,9%, seguindo-se a Região Autónoma da Madeira (-6,2%).
Em linha com estes números, os resultados preliminares dos Censos 2021 apontam também o acentuar do padrão de litoralização na última década: cerca de metade da população concentra-se em 31 dos 308 municípios, localizados maioritariamente nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto.
Na Área Metropolitana de Lisboa, que tem 2.871.133 (mais 49.257 habitantes do que há dez anos), apenas quatro dos 18 municípios da região perderam população (Amadora, Lisboa, Barreiro e Oeiras), enquanto no Porto, com 1.737.395 habitantes (menos 22.129), só cinco dos 17 municípios evitaram a quebra.
Por outro lado, se o número global de residentes diminuiu, existem hoje em Portugal 4.156.017 agregados domésticos privados e agregados institucionais, um crescimento de 2,7% face a 2011 transversal a todas as Regiões NUTS II, com exceção da região do Alentejo, onde o valor decresceu 3,6%.
Como resultado das duas tendências, há uma redução da dimensão média dos agregados, que em 2021 é de 2,5 pessoas, valor que baixou em 0,1 face ao apurado em 2011, que se situava em 2,6 pessoas/agregado.
Os dados mostram igualmente que Portugal registou um ligeiro crescimento do número de edifícios e de alojamentos destinados à habitação, embora num ritmo bastante inferior ao verificado em décadas anteriores, segundo o INE.
O número de edifícios destinados à habitação apurado é de 3.587.669 e o de alojamentos 5.961.262, valores que, em relação a 2011, representam um aumento de 1,2% e 1,4%, respetivamente.
No encerramento da sessão de apresentação dos primeiros resultados do Censos 2021, organizada pelo INE, a ministra de Estado e da Presidência sublinhou a importância destes dados para "tomar decisões" e, desde logo, para "minimizar os impactos da crise social e económica" decorrentes da pandemia de covid-19.
"Neste contexto de incerteza em que vivemos, precisamos como nunca de informação, atempada, para desenhar políticas públicas", frisou Mariana Vieira da Silva.
A fase de recolha dos Censos 2021 decorreu entre 05 de abril e 31 de maio e os dados referem-se à data do momento censitário, dia 19 de abril.
Os dados revelados hoje têm ainda um caráter preliminar. Os resultados definitivos dos Censos 2021 só devem ser conhecidos no quarto trimestre de 2022, sendo que está prevista uma sessão intermédia de apresentação de mais resultados provisórios em fevereiro.
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