O BCE analisou o "excesso de poupança" durante a pandemia no seu boletim económico, que vai publicar na quinta-feira, mas do qual revelou hoje algumas partes.
"Em geral, a probabilidade de uma reabsorção imediata do excesso de poupança acumulado para propósitos de consumo futuros continua a ser limitada", afirmaram os economistas da instituição no boletim.
Não obstante, a medida em que os consumidores das economias avançadas gastarem esse excesso de poupança em bens de consumo vai ser determinante para a recuperação económica, mas isso vai depender de como evoluir a pandemia, do progresso da vacinação, das perspetivas de emprego e das políticas orçamentais.
As poupanças das famílias da Zona Euro alcançaram "níveis extraordinários desde o início de 2020", salientaram.
Os rendimentos disponíveis reais não aumentaram na Zona Euro durante a crise, ao contrário do que aconteceu em outras economias avançadas, devido às transferências diretas para as famílias.
Em 2020, os EUA foram a economia que mais poupança acumulou, cerca de 1,5 biliões de dólares, correspondente a 7,2% do seu produto interno bruto (PIB).
As cinco maiores economias internacionais acumularam poupanças equivalentes a uma média de 6,7% e 9,5% dos rendimentos disponíveis.
Os economistas do BCE também observaram que as famílias de rendimentos elevados são os que mais poupanças acumularam, porque, na sua explicação têm menos propensão a gastar que as famílias de rendimentos baixos.
Além disso, as famílias de rendimentos elevados sofreram perdas de rendimentos inferiores às sofridas pelas de rendimentos baixos, além de que gastavam mais em serviços que estiveram encerrados, como transporte, recreação, hotéis e restaurantes.
O Banco da Reserva Federal de Nova Iorque calculou que a maior parte do dinheiro que as famílias receberam através de cheques vai para poupança (41%) e pagamento de dívidas (34%), com apenas 25% destinados a consumo.
Na Zona Euro, quando se levantaram temporariamente as medidas de confinamento no terceiro trimestre de 2020, o gasto em bens duradouros regressou a níveis anteriores aos da pandemia, mas a recuperação nos serviços foi mais fraca.
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