Lançado em 2016, o projeto de valorização do tomate coração de boi coloca em evidência o fruto que é colhido no Douro a partir do mês de agosto, através de iniciativas como um concurso e um festival gastronómico.
Celeste Pereira, da empresa de comunicação e animação turística Greengrape e uma das mentoras da iniciativa, afirmou hoje que a edição deste ano do concurso que destaca os melhores exemplares de tomate do Douro foi adiada para 2022 devido à pandemia de covid-19.
No entanto, para "mostrar que o festim do tomate não sucumbe ao vírus", 16 restaurantes espalhados pelo território colocaram em destaque nas suas ementas, durante este mês de agosto, o fruto produzido pelos agricultores durienses.
"Nós queremos que este seja também um projeto de revitalização da economia, de promoção de uma agricultura de proximidade e de quilómetro zero, queremos identificar o máximo possível de produtores e inspirar, porque não, outras pessoas. Temos exemplos de gente nova que começou a investir na agricultura e na produção de tomate", afirmou Celeste Pereira.
Na região são cada vez mais os que se dedicam à produção do tomate coração de boi. Muitos são também produtores de vinho do Douro e que, desta forma, estão a recuperar as tradicionais hortas de quinta durienses.
Eugénia Pereira, 63 anos e residente em Vila Real, deixou o ensino há seis anos para se dedicar à agricultura e já foi premiada no Concurso Tomate Coração de Boi do Douro.
O que perdeu no rendimento, a antiga professora diz que ganhou em "qualidade de vida" e hoje trabalha uma horta com muitas variedades de frutas e legumes e onde o tomate está em destaque.
"Já os meus pais cultivavam tomate coração de boi, é uma variedade que faz parte da família e da quinta e eu fui aperfeiçoando a técnica de cultivo. É uma variedade que precisa de muita manutenção, precisa de muitos cuidados", salientou.
A produtora explicou que o fruto deve ser sempre guiado de forma a não estar em contacto com a terra, devem ser retirados os rebentos naturais, a terra não pode estar demasiado seca ou encharcada e, para o cultivar de forma biológica, é preciso fazê-lo em associação com outras culturas que ajudam a combater pragas, como sejam o manjericão, a cebola ou o cravo túnico.
Celeste Pereira acrescentou que o Douro é um território "de excelência" para a produção deste fruto.
"A abundância de luz e as grandes amplitudes térmicas típicas da região reforçam as qualidades de textura, sabor e suculência deste fruto carnudo e com poucas sementes", sustentou.
Nas ementas dos restaurantes aderentes pode provar-se o tomate em saladas, em sopas frias, no tradicional arroz ou em caldeirada, em milhos, tartes ou carpaccio.
No restaurante Chaxoila, em Vila Real, a proposta passa por migas de tomate coração de boi com pataniscas de bacalhau.
"Nesta altura este é um produto de eleição e é rei à mesa", afirmou José Carlos Santos, o proprietário do restaurante, que salientou que a adesão dos clientes à iniciativa "tem sido muito boa".
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