Recuperação do emprego é ainda insuficiente na América Latina

A recuperação do emprego é ainda insuficiente na América Latina, onde subsistem as condições favoráveis a uma alta informalidade, atingindo mais de 70% dos empregos gerados nos últimos meses na região, advertiu a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

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Lusa
09/09/2021 06:28 ‧ 09/09/2021 por Lusa

Economia

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"Existe ainda um fosso muito considerável de 14 milhões de empregos perdidos", disse hoje em Lima o diretor da OIT para a América Latina e Caraíbas, Vinícius Pinheiro, na apresentação do estudo "Emprego e informalidade na América Latina e Caraíbas: uma recuperação insuficiente e desigual".

O relatório observou que o desemprego e a baixa participação da força de trabalho são persistentes, referiu, deixando um "apelo à ação" para enfrentar o impacto desigual da crise "com mais e melhores empregos" na região.

Embora o produto interno bruto (PIB) de alguns países já esteja a regressar aos níveis pré-pandémicos, não se espera uma recuperação do emprego antes de 2024 ou 2025, acrescentou o responsável.

"O panorama laboral é complexo e coloca grandes desafios", acrescentou Vinícius Pinheiro, comentando um cenário caracterizado por um elevado desemprego e pela predominância de ocupações informais.

A este respeito, a economista da OIT Roxana Maurizio, uma das autoras do documento, precisou que houve "uma queda no nível de atividade económica na região sem precedentes na história regional" que atingiu 7%, e uma redução na taxa de emprego de 10 %.

Nesse sentido, cerca de 26 milhões de empregos foram perdidos em 2020 devido ao impacto da pandemia de covid-19, provocando um quadro ainda mais complexo, tendo em conta que durante os últimos seis meses houve "alguma estabilidade e abrandamento do nível de recuperação que tinha começado no ano passado".

De acordo com o estudo, no primeiro trimestre de 2021 perto de 76% dos trabalhadores independentes "e pouco mais de um terço dos assalariados eram informais".

"Embora seja prematuro dizer que estamos a assistir a um processo de informalização de ocupações anteriormente formais, dadas as experiências de crise anteriores, este é um risco latente importante", acrescentou.

Para Vinicius Pinheiro, "não usar esta oportunidade de crise para criar caminhos para a formalização" é um dos principais erros cometidos na região.

"O que está a acontecer ou é a recuperação dos mesmos empregos informais ou um agravamento dos níveis de informalidade", sustentou.

"Foi precisamente o que deixou a região vulnerável à pandemia", observou o diretor da OIT para a América Latina e Caraíbas. Enumerou ainda um "segundo erro" ligado à proteção social que nos países da região só atinge em pleno 40% da população, o que "amplificou o efeito da pandemia", disse.

Além disso, o estudo assinala que as mulheres, os jovens e as pessoas com menos qualificações foram os mais afetados pelo impacto da pandemia no emprego.

"O impacto desproporcionado da pandemia na juventude é uma bomba relógio que pode afetar a estabilidade social e económica na América Latina", advertiu Vinícius Pinheiro.

Estas componentes do desemprego e da informalidade significam que a América Latina corre o risco de ter uma população de jovens que constituem "uma geração de confinamento", afirmou.

"Houve claramente um aumento das disparidades de género no emprego" durante a crise gerada pela pandemia, com cerca de 12 milhões de empregos femininos perdidos no ano passado na região, assinalou, por seu lado, Roxana Maurizio.

Além disso, a OIT constatou que o elevado nível de emprego informal tem sido "atípico", uma vez que ao contrário do que acontecera noutras crises, estas ocupações "não aumentaram nem constituíram um refúgio para aqueles que perderam empregos formais", referiu.

Neste sentido, as medidas tomadas para lidar com a crise sanitária tiveram um forte impacto na destruição de empregos informais, o que levou mesmo a uma redução temporária das taxas de informalidade em alguns países.

Agora, face a uma recuperação mais forte das posições informais, é possível que em muitos países a sua taxa seja semelhante ou mesmo superior à de antes da pandemia, quando atingiu cerca de 51% das pessoas empregadas.

O relatório concluiu ainda que o declínio do emprego entre o primeiro e o segundo trimestres de 2020, a pior altura da crise devido à pandemia de covid-19, atingiu mais de 43 milhões de postos de trabalho e a recuperação subsequente até ao primeiro trimestre de 2021 foi de cerca de 29 milhões, pelo que 30% dos postos de trabalho perdidos ainda não foram recuperados.

Leia Também: Portugal teve em julho "o maior número" de empregados da sua história

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