Problemas de abastecimento e crise energética penalizam crescimento

As perturbações nas cadeias de abastecimento, que deverão perdurar até 2022, e a crise energética, com encarecimento do gás natural, carvão e petróleo, vão penalizar o crescimento económico nos próximos meses, segundo o banco BIG e a corretora XTB.

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Lusa
29/09/2021 11:55 ‧ 29/09/2021 por Lusa

Economia

Analistas

 

No seu 'outlook' para o quarto trimestre de 2021, hoje divulgado, o Banco de Investimento Global (BIG) prevê que "as disrupções nas cadeias de fornecimento vão perdurar até 2022", dada a "fase de maior consumo" que se avizinha com o regresso às aulas, a 'Black Friday' e a época natalícia, ao mesmo tempo que "a oferta continua constrangida".

Avançando como exemplo o facto de estarem atualmente "40 cargueiros parados à espera de entrar no porto de Los Angeles", a equipa de 'research' do BIG considera que "estas disrupções continuarão a limitar o crescimento económico e a exacerbar forças inflacionistas".

Assim, prevê "custos de transporte mais elevados e uma subida de preços dos bens, dado o desequilíbrio entre oferta e procura".

No seu 'outlook', o banco refere ainda que "a inflação parece ter atingido o pico nos EUA, mas continua em tendência positiva na Europa": "Esta situação dificilmente será revertida tão cedo, dado o constante crescimento do preço da eletricidade em consequência da escassa oferta de gás natural da Rússia e da maior procura por eletricidade no inverno", sustenta.

E, se o Banco Central Europeu (BCE) "anunciou uma redução do ritmo de compra de obrigações através do programa de emergência", a Reserva Federal norte-americana "manteve a postura ultra acomodatícia, começando, no entanto, a seguir o mesmo caminho, podendo já iniciar o 'tapering' na próxima reunião em novembro", antecipa o BIG.

Numa nota de análise divulgada hoje, também Nuno Mello, analista da corretora XTB, considera que "o aumento dos preços do gás natural, carvão e petróleo condiciona as perspetivas económicas" para os próximos meses.

Segundo nota o analista, "os preços do gás na Europa e na Ásia continuam extremamente elevados" e "a crise energética pode provocar reações nos mercados globais", com o aumento da procura na Europa e na Ásia a causar "um aumento do défice noutros mercados".

Na opinião de Nuno Mello, o preço mais elevado da energia "contribuiu para um aumento na inflação" que "não [é] temporária, como indicado pelos bancos centrais".

O analista da XTB refere que "grande parte das economias tem iniciado a transição para uma maior utilização das energias renováveis", mas o facto é que "algumas das matérias-primas têm valorizado fortemente ao longo dos últimos tempos, devido à recuperação da procura e à oferta limitada de muitas 'commodities'".

"O inverno anterior levou a uma diminuição dos níveis de inventários de gás e outras matérias-primas utilizadas para a produção de calor para os níveis mais baixos dos últimos anos", lembra, enquanto "a pandemia levou a uma redução da atividade económica em muitos setores, o que levou a uma redução da procura de produção de energia e, consequentemente, a uma redução do fluxo de matérias-primas em todo o mundo".

Como resultado, "as reservas de gás e carvão na Europa ou na Ásia, durante o período de maior atividade, não conseguiram recuperar", situando-se atualmente a utilização de armazenamento de gás na Europa "em apenas 74%, com uma média de cinco anos de 89%".

Nuno Mello recorda que, "nos últimos meses, os preços dos produtos energéticos aumentaram até várias centenas de por cento": "Este é o efeito da escassez, limitada artificialmente pela oferta, mas acima de tudo, da forte recuperação da procura", sustenta, prevendo que "os preços da energia vão afetar praticamente todos os aspetos da economia".

E se "a evolução desta situação dependerá, em grande parte, da previsão do tempo e do próprio tempo", o aumento dos preços da energia já "está a provocar uma subida das 'yields' [rendimento] das obrigações", refletindo "a expectativa de uma inflação mais elevada, associada ao aumento constante dos preços".

Para a XTB, "a crise energética pode fazer subir ainda mais os preços do petróleo" e "a situação atual começa a ser semelhante com a situação de 2010, quando o preço do petróleo aumentou significativamente após a última grande crise financeira".

"No entanto, as atuais circunstâncias podem depender muito das condições climáticas. O inverno rigoroso poderá impulsionar a procura de petróleo, traduzindo-se num aumento dos preços", considera.

Leia Também: França vai manter redução de vistos para alguns países do Magrebe

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