No relatório sobre o Brasil apresentado na 77.ª Assembleia Geral da SIP, que começou hoje de forma virtual e que se prolongará até 22 de outubro, a entidade destacou que Bolsonaro, líder da extrema-direita brasileira, e os seus aliados "continuam a atacar a atividade jornalística e a alimentar narrativas anti-imprensa que as redes sociais replicam".
A SIP denunciou ainda que, desde que assumiu o poder, em janeiro de 2019, o Governo de Bolsonaro tem procurado, embora sem sucesso até ao momento, colocar um fim à legislação sobre a publicação em jornais de balanços de empresas e avisos de licitações, a fim de "prejudicar financeiramente o setor".
A entidade destacou que, no último ano, a atividade jornalística no país foi marcada por um clima de "intolerância e agressividade", em que foram reportados inúmeros casos de agressão e intimidação a jornalistas e meios de comunicação, assim como de censura.
"Têm sido frequentes ataques físicos ou verbais, por parte de simpatizantes do Presidente, contra repórteres, cinegrafistas ou fotógrafos que fazem a cobertura de manifestações públicas em apoio ao Governo", destacou a entidade no relatório.
Nesse contexto, o presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech, destacou, citado no documento, que a diferença entre "regimes democráticos e autocráticos está na forma como lidam com a imprensa livre".
"Os ataques sistemáticos do Presidente Jair Bolsonaro e as tentativas de enfraquecer economicamente os meios de comunicação indicam que, no Brasil, o Governo procura adotar um modelo semelhante ao da Venezuela, Filipinas, Turquia e outros regimes que não convivem bem com a liberdade de imprensa", frisou.
A SIP também recordou vários dos recentes ataques físicos e verbais perpetrados contra jornalistas, incluindo o que culminou com a morte do jornalista Eranildo Cruz, do diário Tribuna Regional, que "foi encontrado morto, com as mãos atadas e sinais de tortura", no estado do Pará (norte) em 06 de setembro último.
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