"É com elevado espírito de missão que este grupo de pessoas que integram a lista que encabeço [Lista D -- Valorizar o Montepio] aceitou este desafio. Sabemos, todos, o trabalho imenso que temos pela frente. Mas também sabemos que é preciso mudar a fórmula da gestão que, nos últimos tempos, tem vindo a ser adotada", afirma Pedro Gouveia Alves, citado num comunicado emitido na sequência da sessão de apresentação da candidatura que decorreu na terça-feira em Lisboa.
"Nunca como nos dias que vivemos o mutualismo foi tão necessário e, na nossa opinião, a associação não tem sabido estar à altura dos novos desafios. Não tem sabido apoiar os seus associados e constituir-se como a instituição de referência que, em tempos, já foi, com elevado relevo na sociedade portuguesa", acrescenta.
Segundo o candidato, "ao ler o programa com que a lista incumbente se apresentou nas últimas eleições, que lhe conferiu este mandato que agora está a cessar, conclui-se que não foi cumprido um único objetivo a que se propôs".
"Estamos perante um exemplo de que provas dadas querem dizer provas de imobilismo e de inoperância de que os nossos associados não precisam", sustenta.
Na sessão da passada terça-feira, Pedro Gouveia Alves defendeu que os números da associação mutualista, recentemente apresentados, "ditam, por si só, a necessidade de um novo olhar sobre a instituição", sendo ainda "manifesta [a] desmotivação dos seus trabalhadores e o descontentamento muitas vezes velados dos associados".
"Face a um cenário que tem vindo a piorar de ano para ano, não faz sentido falar em continuidade. É imperativo que a nossa associação ganhe novo fôlego, aposte em abordagens de proximidade com os associados e que garantam a melhoria do desempenho das várias participadas, pois só assim estaremos a dar ao mutualismo a importância que ele efetivamente tem", completou.
Pedro Gouveia Alves, que é presidente executivo do Montepio Crédito desde 2012 e administrador não executivo do Banco Montepio, defende "uma associação mutualista mais interventiva e exigente, capaz de responder aos anseios dos seus associados e, sobretudo, capaz de atrair as novas gerações, que, até agora, ou desconhecem ou desconfiam do modelo mutualista".
Como "prioridades", a Lista D aponta, assim, a "inversão do ciclo de perda de valor da Associação Mutualista Montepio, através da estabilização das operações do banco e seguradoras e através da requalificação da carteira de imóveis", e a "motivação dos quadros internos das empresas que compõem o grupo, relançando a cultura organizacional mutualista do Montepio através do alinhamento estratégico com as orientações da casa-mãe".
Defende ainda a "consistência na oferta mutualista" e a sua "adaptação ao longo das fases do ciclo de vida das famílias", com "particular enfoque nos Associados de Vida Ativa, responsáveis por preparar os jovens para o mercado de trabalho e por cuidar dos familiares mais necessitados, auxiliando-os nessas tarefas e na sua própria previdência e proteção".
Entre as prioridades apontadas está também a "regeneração do quadro de dirigentes associativos, dando lugar a uma nova geração de gestores experientes e com provas dadas de rentabilização de empresas do grupo e com competência para corresponder aos desafios da regulação, nomeadamente a formulação e cumprimento do Plano de Convergência e de adaptação da atividade seguradora às associações mutualistas de grande dimensão".
Para além de Pedro Gouveia Alves, candidato à presidência do Conselho de Administração da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) nas eleições para os órgãos sociais agendadas para 17 de dezembro, a lista D integra Luís Miguel Monteiro como candidato à mesa da Assembleia Geral, Paulo Gil André como líder da lista para o Conselho Fiscal e Conceição Zagalo no topo da lista da Assembleia de Representantes.
A Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) informou no passado dia 27 de outubro ter dado luz verde a quatro listas candidatas à administração do Montepio Geral Associação Mutualista, para o mandato 2022-2025.
Assim, a candidatura de Pedro Gouveia Alves terá a concorrência da do atual presidente do Conselho de Administração da mutualista, Virgílio Lima, e das lideradas por Pedro Corte Real e de Eugénio Rosa.
A AMMG teve um prejuízo consolidado de 86 milhões de euros em 2020, após um lucro de nove milhões de euros em 2019.
No relatório e contas divulgado apenas em 15 de setembro, o presidente da mutualista, Virgílio Lima, atribuiu o prejuízo sobretudo aos resultados do Banco Montepio, devido "aos efeitos extraordinários do contexto pandémico" que levaram a "montantes extraordinários de imparidades de crédito constituídas, entre outros efeitos adversos".
Novamente, as contas da mutualista voltaram a levantar reservas da auditora PwC, que considera que os ativos por impostos diferidos, os capitais próprios e o resultado líquido estão "sobreavaliados por um montante materialmente relevante".
A Associação Mutualista Montepio Geral tem quase 600 mil associados e é o topo do grupo Montepio, em que se inclui o Banco Montepio.
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