"É falso dizer que o Governo não quer levar adiante o processo de reajuste. Mas, também tem que se dizer que é preciso ver todos os impactos antes de chegar a um valor real e justo [...]. É isso que o Governo está a fazer e o Governo está determinado em levar a cabo esse processo de reajuste salarial", disse o ministro das finanças, depois de entregar no Parlamento a proposta do Orçamento de Estado de 2022.
Engrácio Graça, deixa cair por terra a promessa do seu antecessor e outros membros do Governo de implementar o processo com retroatividade a partir de janeiro de 2021, justificando que "o processo [inicial] foi retirado na Assembleia".
"Tem que se arrancar um processo novo porque não existe neste momento nada na Assembleia", precisou o ministro das Finanças referindo que "se houver abertura e rapidez entre as partes, sobretudo ao nível dos sindicatos" pode ser que se alcance entendimentos rápidos para avançar com algumas medidas que salvaguardam determinados ramos de atividades "enquanto não se avança para a decisão final".
Engrácio Graça defendeu que "é um processo que não pode deixar ninguém de lado" e considerou que "os sindicatos têm que se juntar ao Governo trazendo as suas propostas" para serem discutidas e chegar-se a um reajuste salarial equilibrado e que traduza "a igualdade que deve existir no seio da população".
"Quanto mais cedo concluirmos o processo [de negociações] implementaremos o reajuste, mas não podemos implementar um reajuste a pressas para mais tarde criar dificuldades aos próprios trabalhadores. É preciso que façamos com cautela todas as negociações que devem ser feitas com os sindicatos", explicou, Engrácio Graça.
No sábado, o primeiro-ministro são-tomense, Jorge Bom Jesus, já havia admitido que o Governo poderá não conseguir implementar o reajuste salarial de uma só vez, alegando que as "reações vindas de vários grupos socioprofissionais" obrigaram a reavaliar o documento.
Jorge Bom Jesus reafirmou que "há uma injustiça salarial ao nível da pirâmide que vem de algum tempo a esta parte e que importa corrigir", tendo assegurado que "é um compromisso assumido", mas que o seu Governo poderá não conseguir concretizar.
"Se não conseguirmos fazer de uma fez só, penso que de uma forma faseada vamos fazer", disse, explicando que quando se referiu por diversas vezes "que é um processo irreversível" nunca teria "balizado o tempo" para que o processo fosse concluído.
A proposta de revisão da grelha salarial foi apresentada pelo Governo ao parlamento em maio, mas foi rejeitada por vários sindicatos que entram em greve nos meses que se seguiram forçando o executivo a retirar a proposta cinco meses depois, em 12 de outubro.
O antigo ministro das Finanças, Osvaldo Vaz, que conduziu toda a negociação inicial de elaboração do reajuste e as discussões com os sindicatos grevistas, demitiu-se do cargo e foi exonerado em 29 de setembro, tendo sido substituído por Engrácio Graça que agora assumiu os comandos das negociações para a implementação do documento que, segundo o Governo, "vai trazer justiça salarial na administração pública" são-tomense.
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