De acordo com dados compilados hoje pela Lusa a partir das estatísticas da Agência de Aviação Civil (AAC), que regula o setor em Cabo Verde, os aeroportos e aeródromos do arquipélago registaram de janeiro a outubro de 2021 um movimento de 10.682 aeronaves em embarques e desembarques (quebra de 7,9% face a 2020), em voos internacionais e domésticos.
O número de passageiros em embarques, desembarques e trânsito nos dez meses deste ano foi de 218.695 em voos domésticos e 327.610 em voos internacionais, traduzindo-se num movimento global de 546.305 passageiros, contra os 715.840 em igual período de 2020 (-23,6%). Contudo, os aeroportos cabo-verdianos só funcionaram em 2020 até março, tendo sido suspensas todas as ligações aéreas, domésticas (até julho) e internacionais (até outubro), para conter a pandemia de covid-19.
De janeiro a outubro de 2019, antes da pandemia, os aeroportos de Cabo Verde movimentaram 2.273.542 passageiros, em 28.826 movimentos de aeronaves em voos domésticos e internacionais.
Cabo Verde tem quatro aeroportos internacionais, nas ilhas de Santiago, do Sal, da Boa Vista e de São Vicente, e três aeródromos, nas ilhas de São Nicolau, Maio e Fogo, todos operados pela ASA.
As estimativas da empresa estatal Aeroportos e Segurança Aérea (ASA) apontavam que o movimento nos aeroportos de Cabo Verde deverá ficar abaixo de 500 mil passageiros em 2021, agravando a perda de quase dois milhões de passageiros no ano passado.
As previsões constam do relatório e contas de 2020 da empresa que gere os quatro aeroportos internacionais e três aeródromos do país, fortemente afetada pela pandemia de covid-19, que levou a um prejuízo de 1.771 milhões de escudos (-16 milhões de euros) no ano passado.
A atividade da ASA encontra-se "fortemente condicionada, sendo que apresenta diferentes perspetivas entre segmentos de negócio para 2021", reconhece a empresa, admitindo que no caso do segmento de Gestão Aeroportuária, o cenário para este ano é "conservador, sendo fortemente dependente do setor do turismo, que se encontra perante um desafio sem precedentes".
"Neste contexto, em 2021, o movimento de aeronaves deverá apresentar uma nova redução, prevendo-se uma quebra em torno dos 18%, face a 2020, refletindo-se num movimento de passageiros cerca de 38% abaixo de 2020. Para estas perspetivas contribui, igualmente, a questão do primeiro trimestre de 2020 (...), na qual se continuava a observar um crescimento do tráfego apenas interrompido no decorrer de março de 2020 [devido às restrições provocadas pela pandemia]", lê-se no relatório.
Esta previsão agrava o cenário de 2020, em que segundo o relatório e contas da empresa, que contabilizou no ano passado um movimento de 775.998 passageiros (embarques, desembarques e em trânsito), menos 72% (perda de quase dois milhões de passageiros) face a 2019, enquanto o movimento de aeronaves caiu 63% (menos 22.000), para 13.162.
Cabo Verde registou em 2019 um recorde de 819 mil turistas, setor que garante 25% do Produto Interno Bruto, mas que está parado desde março de 2020, devido às restrições impostas pela pandemia de covid-19, afetando igualmente o setor aeronáutico e de navegação aérea.
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