Em comunicado enviado à agência Lusa, a ADACO (Associação Distrital dos Agricultores de Coimbra) afirma que "nos últimos cinco anos foi notória a falta de água para a cultura do arroz no Baixo Mondego, principalmente no Vale do Pranto e do Arunca", afluentes da margem esquerda do rio Mondego.
A esse problema, adianta, somou-se "a dificuldade do controlo de pragas, infestantes e doenças", situações que resultaram, segundo a ADACO, numa redução da produção em cerca de uma tonelada por hectare "pondo em causa a sobrevivência do setor".
Ainda sobre a redução da produção, a associação especifica que, de uma média anual de cerca de cinco a seis toneladas por hectare "até há cinco/seis anos", passou-se para um rendimento máximo de cinco toneladas por hectare.
"A somar a tudo isto, neste ano de 2021, nos dois meses principais da maturação do arroz (julho e agosto) as temperaturas máximas abaixo do normal para a época do ano, originaram fraca maturação do arroz, tendo como consequência no Baixo Mondego uma colheita com perda na produção média entre os 25% e os 30%", enfatiza a ADACO.
Na cultura do milho, os produtores "foram bastante afetados com o mau tempo" verificado entre 13 e 15 de setembro, e embora na primeira quinzena de novembro "a melhoria das condições climatéricas tenha levado à recuperação de alguma produção na área afetada, há ainda muitos produtores com grandes prejuízos", revela.
Deste modo, na exposição enviada aos ministros da Agricultura e do Ambiente, mas também à Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Direção Regional da Agricultura do Centro e Associação de Beneficiários da Obra Hidroagrícola do Baixo Mondego, a associação reclama, entre outras medidas "um abastecimento suficiente de água aos orizicultores (principalmente do Vale do Pranto e do Arunca), para que possam fazer a sua cultura sem sobressaltos pela falta de água".
Por outro lado, "por forma a mitigar o efeito do aumento brutal dos custos com a energia será importante, por um lado, aumentar o desconto previsto no gasóleo agrícola e por outro regulamentar e aplicar a medida decidida pela Assembleia da República, dedicada à comparticipação dos custos com a eletricidade", defende a ADACO.
No comunicado, a associação de agricultores classifica como "muito importante" o "reforço do pagamento ligado ao arroz", mas também que o processo de uniformização dos pagamentos dos direitos do Regime de Pagamento Único, "que leva a uma redução muito grande do valor das ajudas no setor do arroz" seja aplicado apenas em 2026.
Já no milho e outros cereais, a ADACO defende "uma ajuda que apoie todos os produtores, independentemente da produtividade das suas terras".
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