O chefe de Estado, que hoje está na ilha de São Vicente, para a cerimónia de abertura da IV edição da Cabo Verde Ocean Week, destacou a importância da economia marítima para Cabo Verde, associada ao "vasto leque" das atividades turístico-recreativas, às indústrias marítimo-portuárias dos transportes e da reparação naval, a pesca declarada legal e regulamentada, a segurança marítima, a produção de energia ou a investigação do conhecimento marítimo, devem ser "orientados para uma exploração inteligentes e sustentáveis para os recursos marinhos".
Situado a 455 quilómetros da costa do continente africano, o arquipélago de Cabo Verde é constituído, segundo dados oficiais, por 4.033 quilómetros quadrados (km2) de superfície de ilhas e ilhéus, com cerca de 1.000 quilómetros de costa e uma área marítima de responsabilidade nacional de 734.265 km2, incluindo águas arquipelágicas, material territorial e Zona Económica Exclusiva.
"A economia marítima abre caminho a adoção de políticas de conservação, valorização e proteção do património costeiro e marítimo para o conhecimento das grandes mudanças climáticas em curso", apontou o chefe de Estado, pedindo uma revisão da legislação sobre o setor e uma aposta na formação.
Destacando a realização da Cabo Verde Ocean Week, até sexta-feira, José Maria Neves apelou para que esta semana "seja a oportunidade para o início da construção de um novo pacto em prol da gestão sustentável dos oceanos e do crescimento azul, propiciador de um ambiente favorável à diversificação e ao robustecimento da economia marítima".
Na mesma ocasião, o ministro do Mar, Paulo Veiga, considerou que a proteção desejada dos recursos marinhos em Cabo Verde só pode ser atingida pelo aumento do conhecimento científico sobre o oceano e a discussão integrada da sua influência no homem e da influência do próprio homem nos oceanos.
Desta forma, a programação desta edição do Cabo Verde Ocean Week, promovido habitualmente pelo Governo cabo-verdiano no Mindelo, São Vicente, está direcionada para abranger um vasto público, com uma programação "hibrida", como eventos presenciais e outros digitais e virtuais, com a presença de especialistas e representantes nacionais e internacionais.
Estes, de acordo com Paulo Veiga, irão participar em painéis e workshops, versando sobre diferentes temas à volta da proteção dos oceanos.
"São poucos os temas que têm merecido especial atenção e dominado o debate público e a agenda política internacional nos últimos anos como as preocupações com as alterações climáticas e as suas nefastas consequências. Por isso, não poderia deixar de apelidar o momento como sendo de preocupação e urgência, que requer dos decisores medidas de coragem, sempre cientes de que o que possamos agora fazer será sempre pouco diante da urgência de mudar o estado das coisas", considerou o ministro.
Para Paulo Veiga, a poluição dos oceanos -- o mar representa 99% do território de Cabo Verde -- é uma das principais preocupações, com especial foco para o plástico.
"O plástico que deve merecer da nossa parte uma atenção especial, medidas assertivas e coerência na assunção de responsabilidade", acrescentou o ministro, que realça que o consumo excessivo, o descarte feito de forma errada e o baixo índice de reciclagem ameaçam o planeta.
No âmbito da edição de 2021 da Cabo Verde Ocean Week, que arrancou oficialmente no domingo, vão realizar-se campanhas de limpeza pelas praias e estão agendadas apresentação de alguns projetos ligados à economia azul e reciclagem, e até um desfile do grupo carnavalesco Cruzeiros do Nortes, com trajes à base de materiais reciclados.
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