"Existe do lado da União Europeia toda a intenção de apoiar a Guiné-Bissau nesse processo, porque percebemos que isso é muito importante para a Guiné-Bissau", afirmou em entrevista à Lusa Rita Laranjinha.
A diretora-geral do Serviço Europeu de Ação Externa terminou no sábado uma visita à Guiné-Bissau para fazer um balanço da cooperação entre a UE e o país e para projetar a cooperação futura.
A ministra dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Suzi Barbosa, disse recentemente que uma das grandes prioridades de cooperação entre o seu país e a União Europeia é o acordo de pescas no sentido de o país da África Ocidental conseguir iniciar a exportação para o mercado europeu.
A Guiné-Bissau tem o terceiro maior acordo de pesca com a UE, depois de Marrocos e da Mauritânia.
O anterior acordo assinado entre a Guiné-Bissau e a União Europeia, para o período entre 2019-2024, autoriza 50 navios europeus a pescarem nas águas guineenses.
Em contrapartida, a UE dá uma compensação financeira anual à Guiné-Bissau de 15,6 milhões de euros.
Segundo a embaixadora Rita Laranjinha, é importante que o acordo de pescas seja "não só um fator que ajude a aumentar o nível de exportação do país, mas a criar as condições para uma transformação do produto pescado, para que lhe seja acrescentado valor".
"Existe como disse um acordo de pescas já com alguns anos entre a União Europeia e a Guiné-Bissau e neste momento estamos ainda a avançar na consolidação desse acordo exatamente para permitir que a Guiné-Bissau possa também exportar para a União Europeia", afirmou.
Questionada sobre os passos a serem dados para que a exportação se torne uma realidade, a diplomata disse que a exportação "exige o respeito de um conjunto de critérios" de natureza sanitária, que "têm de ser assegurados".
"Neste momento, existe um contacto muito próximo entre o ministro das Pescas da Guiné-Bissau e as instituições europeias, designadamente as direções-gerais responsáveis pelas áreas das pescas e saúde, exatamente para que a Guiné-Bissau preste toda a informação sobre o respeito desses critérios para que então sejam dadas as autorizações necessárias para que essa exportação se faça", afirmou.
A embaixadora salientou também que o objetivo da UE é "ajudar a criar as condições para que cada vez mais haja produção local, valor acrescentado local e que esses recursos naturais sejam também criadores de emprego e fatores de promoção de desenvolvimento e crescimento económico".
Rita Laranjinha disse também que a Guiné-Bissau "pode contar com a continuidade" do programa de saúde maternoinfantil.
"É óbvio que esse é um programa que tem uma mais-valia evidente em termos de segurança na saúde maternoinfantil e portanto é um programa que continuaremos com muito gosto", adiantou.
O Programa Integrado para a Redução da Mortalidade Materna e Infantil, iniciado em 2013 e que terminava no final deste ano, beneficia diretamente 320 mil crianças até aos 5 anos e mais de 400 mil mulheres em idade fértil em todas as regiões sanitárias da Guiné-Bissau.
O programa permitiu reduzir em metade a morte de mães na Guiné-Bissau, ou seja, a taxa de mortalidade materna passou de 900 por 100.000 mulheres para 436 por 100.000.
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