O investimento foi feito até final de 2021, nas valências agrícola, energética e de abastecimento público, disse hoje à agência Lusa o presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), José Pedro Salema.
A 8 de fevereiro de 2002, fecharam-se as comportas da barragem e começou o enchimento da albufeira do Alqueva, que já atingiu o pleno armazenamento por quatro vezes e fez três descargas controladas.
Segundo a EDIA, o projeto poderá contribuir com mais de 500 milhões de euros anuais para o Produto Interno Bruto do Alentejo e criar mais de 10.000 empregos permanentes nos setores agrícola, agroindustrial e do turismo.
Na valência agrícola, a EDIA acabou em 2016, nove anos antes do previsto, a construção das infraestruturas para regar os 120.000 hectares (ha) da primeira fase, nomeadamente barragens, reservatórios e blocos de rega que armazenam, regularizam e distribuem a água.
Depois, para otimizar o projeto, a empresa identificou quase 50.000 ha de novas áreas com potencial para receber água do Alqueva.
Destes, cerca de 10 mil, dos novos blocos de rega de Évora, Viana do Alentejo e Cuba/Odivelas, estão em condições de regar na próxima campanha.
O responsável adiantou que a EDIA prepara candidaturas ao Programa Nacional de Regadios para financiar a construção de mais quatro blocos, num investimento de cerca de 180 milhões de euros para regar mais cerca de 20.000 hectares.
Trata-se dos blocos de Póvoa/Amareleja, Vidigueira, Reguengos e Messejana - este incluirá a ligação à albufeira do Monte da Rocha -, que deverão começar a regar até 2025.
Segundo José Pedro Salema, a adesão dos agricultores ao regadio do Alqueva, em 2021, foi "superior a 97%", "uma percentagem muita rara em perímetros públicos".
No ano passado, a EDIA teve 2.675 clientes que usaram água do Alqueva para regar 117.595 hectares, dentro e fora dos perímetros do projeto.
A "esmagadora maioria" das culturas na área do Alqueva são permanentes, com destaque para olival (63.000 ha), amendoal (18.000 ha) e vinha (5.000 ha).
Alqueva é "responsável pela maior 'fatia' de azeite produzido em Portugal" e "já é o maior produtor de amêndoa do país", frisou.
Quanto ao abastecimento público de água, foram concluídas, em 2010, as ligações entre a albufeira "mãe" de Alqueva e as albufeiras de Alvito, Roxo, Monte Novo e Enxoé.
Com estas ligações, o projeto passou a reforçar, sempre que necessário, o abastecimento público a 13 concelhos alentejanos, incluindo os de Beja e Évora, num total de mais de 200.000 habitantes.
Este número irá crescer com a ligação do Alqueva à albufeira do Monte da Rocha, que abastece os concelhos de Castro Verde, Almodôvar e Ourique e parte dos de Odemira e Mértola.
Na valência energética, a EDIA construiu as centrais hidroelétricas de Alqueva e Pedrógão, que começaram a funcionar em 2004 e 2006, respetivamente, e foram concessionadas à EDP, e terminou, em 2011, a instalação das cinco centrais mini-hídricas.
Alqueva é "responsável por mais de 4% da energia hídrica produzida em Portugal", destacou José Pedro Salema, frisando que a EDIA também tem apostado na energia solar e já instalou sete centrais fotovoltaicas, uma delas flutuante, num total de 3,15 megawatts (MW).
Com a capacidade fotovoltaica e mini-hídrica instalada, a empresa produziu cerca de 7% da eletricidade que consumiu em 2021 e "ambiciona ser autossuficiente no médio prazo".
A EDIA aguarda autorização para financiar a instalação de mais 10 centrais fotovoltaicas flutuantes junto das principais estações elevatórias, num total de 60 MW.
O Alqueva também é "uma oportunidade" e criou condições para o desenvolvimento do turismo na região, através da criação de várias ofertas de lazer, como cinco praias fluviais.
José Pedro Salema traçou como desafios futuros da EDIA tornar o projeto acessível a mais agricultores e preservar a qualidade e promover a sustentabilidade da água do Alqueva, "evitando o desperdício".
O projeto obrigou à construção de uma nova povoação para alojar os cerca de 400 habitantes da "velha" aldeia da Luz, submersa pelas águas da albufeira.
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