Em declarações à entrada para uma reunião informal de ministros do Comércio dos 27 organizada pela presidência francesa do Conselho da UE, o chefe da diplomacia portuguesa recordou que, durante a presidência portuguesa, no primeiro semestre de 2021, e face a questões legítimas levantadas por alguns Estados-membros e forças políticas no Parlamento Europeu sobre a dimensão ambiental do acordo, os parceiros da América Latina aceitaram negociar um instrumento adicional, a ser proposto pela Comissão Europeia, que, todavia, ainda não o apresentou.
"Durante a presidência portuguesa, alcançámos um acordo informal com os nossos amigos da Mercosul e, segundo esse acordo, devemos apresentar-lhes um esboço de um instrumento adicional a clarificar compromissos mútuos a nível de combate à desflorestação e assegurando que os compromissos do Acordo de Paris serão alcançados por ambas as partes. Estamos à espera do documento da Comissão", indicou Santos Silva, que durante o semestre português presidiu aos Conselhos de ministros de Comércio, dado ter o pelouro do comércio internacional.
O chefe da diplomacia portuguesa reiterou que, "para Portugal e muitos outros Estados-membros, o acordo com a Mercosul é uma prioridade, uma prioridade de topo".
Questionado sobre se o acordo é efetivamente desejado por uma maioria dos Estados-membros da UE, Augusto Santos Silva disse pensar que sim, mas admitiu que "foram levantadas várias questões por alguns Estados-membros e famílias políticas no Parlamento Europeu", às quais há que dar "resposta", até porque as "preocupações" são legítimas.
"Precisamos de deixar claro que o acordo significa um compromisso adicional, por parte de ambas as partes, incluindo Brasil e Argentina, em assumir os objetivos do Acordo de Paris. Os nossos amigos da América Latina estão preparados para começarem discussões connosco em torno destas matérias, e temos de iniciá-las", defendeu.
Perspetivando a reunião de hoje em Marselha, o ministro disse ainda esperar uma discussão importante relativamente às questões comerciais entre África e União Europeia, na antecâmara da cimeira UE-África, que decorrerá entre quinta e sexta-feira em Bruxelas, pois "o comércio é uma das principais dimensões" dessa parceria.
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