"Os salários não podem subir se não aumentar a produtividade"

O economista e ex-presidente da Autoridade da Concorrência, Abel Mateus, classifica como "desadequada" a definição de metas para a subida do salário mínimo nacional, defendendo que os salários só podem subir com um aumento da produtividade.

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Lusa
15/02/2022 06:08 ‧ 15/02/2022 por Lusa

Economia

Abel Mateus

 

"Acho que é uma perspetiva errada esta política que parece que estar a pegar na moda de que é preciso subir os salários. Os salários não podem subir se não aumentar a produtividade, porque senão vamos novamente reduzir a capacidade das empresas investirem e inovarem", disse Abel Mateus, atualmente presidente do conselho consultivo da SEDES - Associação para o Desenvolvimento Económico e Social, em entrevista à Lusa.

O economista, que foi diretor executivo do Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento e administrador do Banco de Portugal, assim como membro da Comissão Monetária e do Comité de Política Económica da Comissão Europeia, argumenta que "só um aumento da produtividade a nível empresarial" em Portugal "é que vai permitir dar este salto".

Questionado sobre a definição de metas para a subida do salário mínimo nacional (SMN) para a legislatura, Abel Mateus disse à Lusa considerar "isso tudo desadequado".

"Vamos é fixar metas para o crescimento económico e depois os salários vão subir com o crescimento económico", vinca, justificando que "aumentar o salário mínimo sem que haja crescimento económico vai causar sobretudo dificuldades para os jovens, porque vão ter dificuldade em arranjar trabalho e, por outro lado, vai levar a que algumas empresas evidentemente irão fechar. Se têm baixa produtividade, é inevitável".

Para o economista, esta estratégia não é a forma de desenvolver um país, sublinhando nunca ter visto "nenhum país ter como política fundamental subir o salário mínimo".

"Não quer dizer que isso seja aconselhável para o caso português, mas há países que não têm políticas de salário mínimo e têm elevadíssimos níveis de rendimento", acrescenta.

A aposta deve passar, diz, por "melhor tecnologia" e "melhor formação de mão-de-obra", exemplificando que "Portugal está muito contente com o aumento extraordinário da taxa de frequência no ensino superior, que é evidente que é necessário, mas mais do que isso é necessária a qualidade desse ensino", considerando que tal é que "permite aumentar os salários e evitar que o talento vá para o exterior".

Leia Também: Não se justificam greves na CGD face a salários e negociações

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