"Excluir a Rússia dos mercados financeiros do mundo. Assegurar que o sistema financeiro russo já não possa funcionar e já não possa produzir recursos para a máquina de guerra de Putin", exige o antigo dissidente, de 58 anos, que reside em Nova Iorque. "Embora ainda haja reservas de dinheiro de mais de 600 mil milhões de dólares", acrescenta.
Kasparov defende: "É preciso agir. Mostrar-lhe [a Putin] que ele terá de pagar o preço (...) Se a agressão não tiver um custo, se a máquina de guerra de Putin não parar de funcionar porque vai à falência, a elite não levantará um dedo", frisa.
Na opinião do opositor, "a rebeldia contra Putin pode significar o fim da própria vida".
"Ninguém o fará, a menos que haja uma ameaça direta aos milhares de milhões de dólares que estas pessoas acumularam no mundo livre", acrescenta.
"Cabe ao mundo livre agir. Mas em vez disso ouve-se falar do preço económico a ser pago, que obviamente existe. Mas os ucranianos estão a pagar com as suas próprias vidas, e aqueles que falam sobre o preço económico a pagar deveriam envergonhar-se. Estão a tentar avaliar os danos económicos face ao sacrifício de vidas humanas", lamenta Kasparov.
Muitas vozes têm-se insurgido desde a invasão russa da Ucrânia para excluir a Rússia da rede interbancária Swift, uma parte essencial das finanças mundiais. Esta é "uma opção", segundo Joe Biden, mas o Presidente norte-americano recusou-se até agora a aceitá-la, salientando que alguns países europeus se lhe opõem de momento.
A França disse não se opor à exclusão da Rússia do sistema bancário Swift, uma sanção que alguns países como a Alemanha e a Hungria estão relutantes em aceitar, temendo pelo seu abastecimento energético.
O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmytro Kuleba, afirmou na sexta-feira ao seu homólogo norte-americano Antony Blinken "a necessidade de usar toda a influência dos EUA sobre alguns países europeus hesitantes para excluir a Rússia da Swift".
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos 198 mortos, incluindo civis, e mais de 1.100 feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 120.000 deslocados desde o primeiro dia de combates.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), UE e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.
Leia Também: Kasparov arrasa Putin: "É um monstro, a cobra que o mundo livre aninhou"