Preço de produtos agrícolas deverá manter-se alto grande parte do ano

Os preços de produtos agrícolas deverão manter-se elevados durante grande parte do ano devido ao conflito na Ucrânia, com os consumidores a enfrentarem fortes subidas em alimentos básicos, segundo a Economist Intelligence Unit (EIU).

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Lusa
10/03/2022 22:47 ‧ 10/03/2022 por Lusa

Economia

The Economist

De acordo com uma nota da unidade de análise económica da revista britânica The Economist, os preços médios dos grãos de cereais deverão subir quase um terço este ano, além do aumento de 40% registado em 2021.

Por sua vez, os preços do óleo de semente de girassol deverão aumentar em vez de cair em 2022, conforme estava previsto antes da invasão russa da Ucrânia, indica a EIU, referindo que já em 2021 os preços subiram quase 60%.

"Como a guerra na Ucrânia deve durar pelo menos vários meses, a EIU prevê que os preços dos produtos agrícolas permaneçam elevados durante grande parte do ano", afirmam os analistas.

A Ucrânia e a Rússia são exportadores proeminentes de grãos e juntos são responsáveis por 30% do comércio global de trigo, 17% do milho e mais de 50% do óleo de semente de girassol.

De acordo com a EIU, a Ucrânia fornece cerca de um quarto das importações de cereais e óleos vegetais da União Europeia (UE) e cerca de metade das importações de milho.

Aproximadamente dois terços das exportações de grãos da Ucrânia e três quartos das exportações de óleo de semente de girassol saem através dos portos do Mar Negro do país, muitos dos quais estão fechados.

Além disso, grandes companhias marítimas como a Mediterranean Shipping Company (MSC), da Suíça, a Maersk, da Dinamarca, e a CMA CGM, de França, suspenderam temporariamente as remessas de carga de e para a Rússia, em resposta às sanções dos Estados Unidos e da UE ao país.

"Como resultado, os preços globais das mercadorias agrícolas dispararam e esperamos que permaneçam elevados enquanto o conflito continuar na Ucrânia", estima a unidade de análise económica.

Os contratos futuros de trigo atingiram uma alta de 14 anos em 01 de março devido ao receio de uma guerra prolongada entre a Rússia e a Ucrânia, desencadeando compras de pânico.

Os de milho também fecharam em alta e os preços da soja e dos óleos vegetais foram afetados da mesma forma.

Por sua vez, os preços do óleo de palma atingiram recordes à medida que os comerciantes procuram abastecimentos alternativos, na ausência de embarques de óleo de semente de girassol.

"Prevemos mais interrupções no fornecimento na Ucrânia, especialmente porque as rotas terrestres também serão afetadas" devido a estradas intransitáveis por causa dos bombardeamentos, ao mesmo tempo que veículos pesados de mercadorias serão desviados para uso militar, indica a EIU.

Também as linhas ferroviárias "provavelmente serão danificadas e inoperantes" o que, segundo a mesma fonte, "agravará a situação no Mar Negro, onde os portos provavelmente permanecerão inutilizáveis por muitos meses".

"Preços mais altos de grãos e interrupções nas exportações também afetarão negativamente os mercados de gado e carne em todo o mundo", alertam os analistas.

Os consumidores enfrentam "fortes aumentos de preços de alimentos básicos", diz a EIU.

O conflito terá um impacto significativo na oferta global de grãos, especialmente porque os 'stocks' já estão em baixo.

Os analistas indicam ainda que a guerra na Ucrânia também afetará a próxima colheita o que, por sua vez, levará a défices de oferta no próximo ano.

Os agentes económicos procurarão alternativas de oferta de grandes produtores como os Estados Unidos, a Índia e Argentina, mas a resposta de oferta necessária levará tempo para se materializar, afirma a EIU.

Leia Também: Líder da AIE acusa Rússia de piorar crise do gás na Europa

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