"As motivações para o 'outlook' (Perspetiva de Evolução) positivo incluem as previsões de melhoramentos abrangentes no perfil de crédito do país, liderado pela produção de gás natural liquefeito, e os esforços do governo para fortalecer a governação pública, que pode melhorar, com o tempo, a eficácia política face aos atuais níveis muitos fracos", lê-se numa nota divulgada esta noite.
Na análise em que a Moody's mantém o 'rating' de Moçambique em Caa2, o quarto pior nível de análise da qualidade do crédito soberano, e que implica um "risco de crédito muito elevado", os analistas apontam que os próximos 12 a 18 meses "serão fundamentais para a Moody's avaliar "se os níveis de produção de gás natural e a gestão das futuras receitas pelo governo vão levar a melhorias sustentáveis na robustez fiscal e orçamental do país".
A manutenção do 'rating' em Caa2 baseia-se "nas persistentes fraquezas do crédito, que sugerem que ainda há um elevado risco de 'default' (Incumprimento Financeiro)", e relacionam-se com "a elevada dívida pública, a exposição a riscos cambiais e a vulnerabilidade a múltiplas fontes de choques, como a segurança e o clima".
Na avaliação divulgada esta noite, a Moody's melhorou em um nível a qualidade do crédito soberano em moeda local, que passou de Caa1 para B3, devido à "melhoria da estabilidade macroeconómica".
A produção de gás natural no norte do país será fundamental para a evolução de Moçambique, salientam os analistas da Moody's, que antecipam o regresso da TotalEnergies a Cabo Delgado no final deste ano, depois da saída, no ano passado, devido ao aumento da violência na região.
Para os analistas da Moody's, Moçambique tem conseguido, nos últimos anos, preservar a estabilidade macroeconómica apesar dos múltiplos choques, como os dois ciclones em 2019, a pandemia de Covid-19 e a guerra no norte do país, e conseguiu também introduzir melhorias orçamentais e de eficiência da política monetária.
"A Moody's antevê que, a seu tempo, estes esforços, principalmente se foram acompanhados de um programa do Fundo Monetário Internacional, possam melhorar a capacidade institucional de Moçambique", lê-se na nota que acompanha a decisão sobre o 'rating'.
Apesar das vantagens da exploração de gás e de aumento das receitas, Moçambique mantém um 'rating' "que reflete as persistentes fragilidades no crédito, como a elevada dívida pública, a suscetibilidade a riscos câmbios e a vulnerabilidade a vários tipos de choque", concluem os analistas.
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