Segundo uma "Posição dos Bloquistas no CN [Conselho Nacional] da CGTP-IN", enviada à agência Lusa, "é urgente parar a guerra e dar lugar à paz".
Estes sindicalistas consideraram que "a invasão militar da Ucrânia pela Federação Russa é intolerável" e, por isso, "tem de ser condenada com veemência por quem considera a paz um valor fundamental e tem consciência de que a guerra atinge sobretudo os povos, os trabalhadores e as pessoas mais vulneráveis".
"Ao ver um país invadido por um vizinho poderoso, uma potência imperial, a esquerda só pode colocar-se ao seu lado em defesa da sua integridade e independência, sem que isso signifique qualquer identificação com o respetivo governo, considerando o golpe de Estado na Ucrânia em 2014, protagonizado por forças fascistas que, entre muitos e graves crimes, foram responsáveis por incendiar uma sede dos sindicatos ucranianos e provocar a morte de mais de 40 sindicalistas", refere a posição assumida pelos bloquistas.
No documento, os sindicalistas do BE condenaram a anexação de Donbass por Putin, "que nega o direito da Ucrânia à existência como Estado independente", e salientaram que os Acordos de Minsk foram "violados por ambas as partes ao longo dos anos".
"A atuação de Putin só encontra acolhimento significativo em conhecidas personalidades da extrema-direita europeia", consideraram.
De acordo com os bloquistas, para combater o aumento das tensões e a guerra na Europa não basta decretar sanções ao sistema financeiro e aos oligarcas russos, mas também apostar na diplomacia.
"É preciso não alimentar a disputa pelas zonas de influência, condenar a militarização, a expansão do cordão de bases da NATO ao longo das fronteiras e defender um estatuto de neutralidade para a Ucrânia. Não tem sido esse o caminho da União Europeia, nem do Governo português", afirmaram.
Estes elementos do BE, que estão em minoria no Conselho Nacional da CGTP, defenderam que o Governo português deve atuar para que a Ucrânia possa ter um estatuto de facto congénere ao da Finlândia - de neutralidade respeitada.
"Parar a guerra e dar lugar à diplomacia é o único caminho aceitável em que todas as partes se deveriam empenhar", afirmaram, defendendo a retirada de Portugal da NATO e o fim da mesma.
Por isso, disseram "não ao envio de tropas e meios militares portugueses para a guerra".
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 564 mortos e mais de 982 feridos entre a população civil e provocou a fuga de cerca de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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