A Plataforma de Defesa do Setor do Transporte Rodoviário Nacional e Internacional de Mercadorias, que afirma representar as pequenas e médias empresas que constituem 85% do setor, justifica a ação pela situação "muito grave" e condições de trabalho "inaceitáveis", para além do aumento do preço dos combustíveis, acentuado pela invasão russa da Ucrânia.
A organização enviou uma longa lista de exigências aos ministérios dos Transportes, Mobilidade e Agenda Urbana, Trabalho e Economia Social, como a proibição de contratação de serviços de transporte abaixo dos custos operacionais e a proibição de carga e descarga por motoristas e trabalhadores independentes que conduzem os seus veículos, para entrar imediatamente em vigor.
Uma outra associação, a dos Empresários do Transporte Rodoviário de Mercadorias de Santander e Cantábria (Asemtrasán), também convocou uma paragem por tempo "indeterminado" da atividade devido ao aumento dos preços dos combustíveis, o que torna a situação "insustentável".
O presidente da Asemtrasán, José Andrés Cianca, citado pela agência Efe explicou que a paragem continuará até que o governo espanhol adote medidas para que as transportadoras possam trabalhar com um "mínimo de dignidade" e sem ter de "meter dinheiro do seu bolso".
Segundo Cianca, o setor está com dificuldades desde dezembro do ano passado e com o aumento do preço do gasóleo devido à guerra na Ucrânia, isto significou, até agora, um custo adicional de "cerca de 2.000 euros" por mês para cada trabalhador.
A greve por tempo indeterminado das transportadoras convocada por uma outra organização do setor causou atrasos nos camiões em locais como a Zona Franca em Barcelona e o Porto de Tarragona (Catalunha), devido à ação de alguns piquetes de greve.
A Plataforma para a Defesa do Setor dos Transportes, que reúne os transportadores independentes, também convocou uma greve a partir de hoje para exigir melhorias no setor e protestar contra o aumento dos custos, especialmente de combustível.
Entretanto, a porta-voz do Governo espanhol e Ministra da Política Territorial, Isabel Rodríguez, anunciou que as reduções previstas nos impostos serão aplicadas, por enquanto, apenas ao preço da energia, embora o executivo esteja a estudar como é que as consequências económicas da inflação e da invasão russa da Ucrânia podem afetar outros setores.
Numa entrevista na RNE (Rádio Nacional Espanhola), Rodríguez disse hoje que o governo socialista dirigido por Pedro Sánchez vai analisar se vai aplicar reduções fiscais apenas ao setor energético ou se vai alargar a medida a "todos os setores afetados".
"O que este Governo quer é que as medidas sejam adotadas a nível europeu", sublinhou a porta-voz.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 564 mortos e mais de 982 feridos entre a população civil e provocou a fuga de cerca de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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