"Muitas empresas pararam a produção durante alguns dias na expectativa de que os preços da eletricidade e do gás natural baixem para poderem retomar a laboração", disse à Lusa o dirigente da associação.
Segundo Mário Jorge Machado, o aumento do custo da energia, associado ao encarecimento das matérias-primas, está a contribuir para uma "situação muito complicada" no mercado.
"As empresas decidiram encerrar alguns dias porque o custo de estar a laborar é muito superior ao custo de estarem encerradas", acrescentou.
A situação afeta em particular as áreas da fiação, da tecelagem e dos acabamentos e menos a área da confeção, que não é um grande consumidor de energia, explicou.
O custo das matérias primas tem sido um problema, mas o aumento do preço da energia é "dez vezes maior", sublinhou.
Mário Jorge Machado disse, no entanto, apenas ter conhecimento de uma empresa do setor têxtil que decidiu encerrar definitivamente, tendo essa decisão sido tomada ainda antes do início da guerra na Ucrânia.
"O problema da energia já começou antes da guerra, nomeadamente no gás natural que aumentou 600% desde há seis meses", referiu o presidente da ATP.
Na segunda-feira, o ministro de Estado, da Economia e Transição Digital, Pedro Siza Vieira, apresentou novos apoios às empresas para fazer face ao aumento dos preços da energia.
Na conferência de imprensa, Siza Vieira disse que "é reduzido o número de empresas que até ao momento sinalizou que poderá suspender a atividade devido à escalda dos preços da energia", especificando que o impacto dos custos é mais acentuado junto das empresas que consomem gás natural, sendo que 70% têm contratos cujo preço está indexado ao preço diário no mercado de 'spot'.
Entre as empresas que já sinalizaram a possibilidade de parar a atividade face ao aumento dos custos da energia estão algumas do setor da cerâmica e da área de acabamentos no setor têxtil, indicou o ministro.
Segundo disse hoje à Lusa o presidente da Associação Portuguesa das Indústrias de Cerâmica e de Cristalaria (APICER), José Sequeira, sete empresas do setor da cerâmica estão paradas devido à escalada dos preços da energia, abrangendo cerca de mil trabalhadores, mas o número deverá aumentar em abril.
As sete empresas que já têm a laboração suspensa situam-se na região Centro.
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