Rússia exige pagamento em rublos do gás vendido a "países hostis"
A Rússia vai passar a exigir o pagamento em rublos das vendas de gás a "países hostis", como os da União Europeia (UE), deixando de aceitar euros ou dólares, anunciou hoje o Presidente russo.
© Lusa
Economia Rússia/Ucrânia
Vladimir Putin deu uma ordem ao banco central e ao Governo para implementarem o novo sistema de pagamento das exportações de gás para "países hostis" na moeda nacional da Rússia.
"Tomei a decisão de implementar um conjunto de medidas para mudar o pagamento do nosso gás entregue a países hostis para rublos, e para renunciar em todas as moedas de liquidação que tenham sido comprometidas", disse Putin durante uma reunião do Governo, citado pela agência francesa AFP.
Trata-se de uma reação ao congelamento de ativos da Rússia no Ocidente, no âmbito das sanções impostas a Moscovo devido à invasão da Ucrânia.
"Exorto o Governo a dar instruções apropriadas à [empresa estatal] Gazprom para alterar os contratos existentes. Ao mesmo tempo, todos os consumidores estrangeiros devem ter a oportunidade de realizar as operações necessárias", afirmou Putin, segundo a agência espanhola EFE.
Putin disse que o novo sistema de pagamento deve ser "claro, transparente" e envolver a "aquisição de rublos no mercado de divisas russo".
Este anúncio teve um efeito imediato sobre a moeda russa, que se fortaleceu em relação ao euro e ao dólar, depois da queda sofrida desde 24 de fevereiro, quando as tropas russas entraram na Ucrânia, segundo a AFP.
Na sequência das sanções por ter invadido a Ucrânia, a Rússia adotou uma lista de países e territórios hostis, que inclui todos os Estados-membros da UE.
Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Ucrânia, Montenegro, Suíça, Albânia, Andorra, Islândia, Liechtenstein, Mónaco, Noruega, São Marino, Macedónia do Norte, Japão, Coreia do Sul, Austrália, Micronésia, Nova Zelândia, Singapura e Taiwan também constam da lista.
Na perspetiva de Putin, ao decidir congelar os ativos russos, como a reserva de divisas do banco central, o Ocidente declarou efetivamente uma suspensão dos pagamentos a Moscovo e pôs fim à fiabilidade das suas moedas.
"Nas últimas semanas, como sabem, vários países ocidentais tomaram decisões ilegítimas sobre o congelamento dos bens russos, e este Ocidente coletivo traçou efetivamente uma linha sob a fiabilidade das suas moedas", afirmou.
Putin considerou que tanto "os Estados Unidos como a União Europeia declararam, em princípio, uma verdadeira violação das suas obrigações para com a Rússia".
"Agora, todos no mundo sabem que as obrigações em dólares e euros podem não ser cumpridas", resumiu ele.
O gás russo é responsável por 40% do consumo da UE.
Numa mensagem destinada a tranquilizar os países da Europa Central e do Sudeste, Putin assegurou que a Rússia continuará a fornecer-lhes gás de acordo com os volumes e preços estipulados nos contratos existentes.
"Quero salientar separadamente que a Rússia continuará, evidentemente, a fornecer gás natural de acordo com os volumes e preços estabelecidos nos contratos previamente acordados", afirmou o Presidente russo.
Organizações com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional já se manifestaram "profundamente preocupadas" com as implicações da guerra na Ucrânia na economia mundial.
O conflito, que entrou hoje no 28.º dia, provocou uma subida do preço dos combustíveis na Europa e, consequentemente, de muitos bens de primeira necessidade.
Com um balanço de baixas civis e militares por contabilizar, a guerra também levou 3,6 milhões de pessoas a fugir da Ucrânia para os países vizinhos, na crise do género mais grave na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-45).
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