"Em primeiro lugar, nós queremos encontrar uma solução que seja tripartida: Cabo Verde, Angola e São Tomé e Príncipe. Por questões que têm a ver com a sustentabilidade das ligações", afirmou o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, questionado numa conferência de imprensa conjunta, na Praia, com o homólogo são-tomense, Jorge Bom Jesus, que está de visita ao país até quarta-feira.
Ulisses Correia e Silva recordou que "em tempos" havia uma ligação aérea entre Luanda, São Tomé e Praia, a qual foi descontinuada "por questões que têm a ver também com a sustentabilidade comercial".
"Estamos a discutir há já algum tempo dentro da perspetiva de encontrar soluções que façam com que haja ligações, haja conectividades, mas ao mesmo tempo haja rentabilidade nos voos", sublinhou o chefe do Governo cabo-verdiano.
Explicou que "uma das soluções" em cima da mesa é a implementação de "voos trânsito", de São Tomé para Luanda e depois de Luanda para a Praia, "comprando um destino direto".
"Quem está em São Tomé compra um destino diretamente para a Praia, só que passa por Luanda também, no fundo para ter lugares suficientes vendidos para justificar os voos", explicou.
A transportadora aérea angolana TAAG realizava voos diretos de Luanda para a ilha do Sal, suspensos desde o início da pandemia de covid-19, não sendo conhecida qualquer intenção ou prazo de retoma.
"Apesar das belezas das nossas ilhas, continuamos, de alguma forma, a ser ilhas prisão se não tivermos a capacidade de transporte aéreo e marítimo", lamentou o homólogo de São Tomé e Príncipe, na mesma declaração conjunta à imprensa, após reunir-se com Ulisses Correia e Silva, no Palácio do Governo, onde foram assinados novos acordos de cooperação bilateral.
Para Jorge Bom Jesus, nem sempre os países têm capacidade para lançar estas iniciativas "per si", daí a "abertura" para o trabalho "em grupo": "Angola pode também entrar neste processo".
O Presidente angolano, João Lourenço, defendeu há precisamente 15 dias, na Praia, a criação de uma 'joint-venture' entre as companhias aéreas de bandeira de Angola e Cabo Verde, TAAG e TACV, para aproveitar as capacidades de cada país.
"Aproveitarmos da melhor forma possível as capacidades que Angola tem, em termos de meios aéreos, de aviões, e as capacidades que Cabo Verde tem em termos de gestão aeroportuária, de gestão de aeronaves, as capacidades que Cabo verde tem em termos de ter conseguido ao longo dos anos estar certificado a voar para espaços em que Angola não conseguiu", disse o Presidente angolano, após reunir-se com o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, durante a visita de Estado que realizou ao arquipélago.
"Vamos juntar as capacidades dos dois países neste domínio da aviação civil e creio que sairemos todos a ganhar com isso", disse João Lourenço.
No palácio do Governo, o chefe de Estado angolano e o primeiro-ministro cabo-verdiano assistiram em 14 de março à assinatura de um acordo entre as administrações das companhias aéreas estatais dos dois países para cedência, pela TAAG, de um Boeing 737-700, em regime de leasing, à Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), aeronave que chegou à Praia no mesmo dia e que vai garantir as ligações de médio curso do arquipélago.
"Pensamos ir mais longe, constituir uma 'joint-venture' entre a TAAG e a TACV para, com aeronaves da TAAG, e tendo como base a cidade da Praia ou a cidade do Sal - este detalhe passou-me, o que é importante é que a base será Cabo Verde -, a partir daqui, operarmos para várias capitais da região da África Ocidental, conhecida como CEDEAO, e também dar continuidade não só para a Europa, como para os Estados Unidos da América", afirmou João Lourenço.
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