Guerra limita operação de transportadoras da UE e fabrico de peças
A Airlines for Europe (A4E), a maior associação de companhias aéreas na União Europeia (UE), admite que a guerra da Ucrânia limita a operação das transportadoras, principalmente do nordeste da Europa, afetando ainda a produção de peças aeroespaciais.
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Economia Aviação
"Algumas companhias aéreas estão a sofrer mais do que outras devido à situação da Ucrânia e são uma minoria, mas estão a sofrer porque precisam de redirecionar o seu modelo de negócio por já não funcionar como antes e estou a pensar, principalmente, nas companhias aéreas do nordeste [da UE] e naquelas que voam para o mercado asiático", afirma o diretor-geral da A4E, Thomas Reynaert, em entrevista à agência Lusa, em Bruxelas.
O responsável desta que é a maior associação representativa das transportadoras na UE, representando 70% do tráfego aéreo europeu, explica que estas companhias aéreas têm agora de "evitar os espaços aéreos encerrados e não se pode esquecer que não é só a Ucrânia ou a Rússia, mas também a Bielorrússia", por onde se sobrevoava em muitas rotas.
Explicando que estes desvios levam a que os voos "demorem mais tempo", podendo representar até quatros horas adicionais no tempo total da viagem, Thomas Reynaert elenca que isto também causa "mais utilização de combustível, porque a distância é mais longa" e obriga a "paragem pelo meio para se abastecerem".
"O custo desse voo tornar-se-á mais caro", admite o responsável, sem avançar com dados sobre os impactos financeiros.
Entre as companhias aéreas mais afetadas estão, de acordo com o diretor-geral da A4E, a finlandesa Finnair, "que tem um grande modelo de negócio para os voos asiáticos", mas também a AirBaltic da Letónia e a polaca LOT Polish Airlines.
"E basicamente todas as companhias aéreas que costumavam voar perto do que agora chamamos a fronteira da Bielorrússia, Ucrânia e Rússia. O espaço aéreo lá está todo muito afetado e, nalguns casos, houve até necessidade de fechar aeroportos mais pequenos", assinala, admitindo "perturbação do espaço aéreo".
Thomas Reynaert avança à Lusa que a guerra da Ucrânia, provocada pela invasão russa há um mês, "não afeta apenas o negócio dos cereais, que é enorme, [...] mas também o da aviação" e, especificamente, o nicho de produção de peças aeroespaciais, no qual a Ucrânia e a Rússia têm grande peso.
"A cadeia de fornecimento global de produtos aeroespaciais também está a ser perturbada e será um efeito que poderemos ver mais tarde, uma vez que novos aviões terão de ser vendidos e os preços das aeronaves, os preços de manutenção, reparação e revisão de peças sobressalentes também irão subir", prevê o responsável.
A guerra da Ucrânia tem, ainda assim, motivado um acréscimo do tráfego aéreo a partir da parte oriental da UE, de acordo com a responsável da A4E: "O número de passageiros provenientes do leste europeu aumentou, transportando refugiados".
"As companhias aéreas europeias estão também a acomodar o seu tráfego [...] e parece que estão, de facto, relativamente bem nesse aspeto, mas claro que isto é uma situação que não nos agrada, que é estranha e instável, pois há uma guerra em curso", conclui Thomas Reynaert.
Criada em 2016, a A4E tem como membros 16 companhias aéreas que operam na UE.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.189 civis, incluindo 108 crianças, e feriu 1.901, entre os quais 142 crianças, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.
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