"Existe uma linha longitudinal que separa o país, que o atravessa de norte a sul, e há uma parte do país esquecida do poder político e do poder central", disse o sindicalista no 14.ºcongresso da UGT, após apresentar o relatório de atividades do último mandato.
Carlos Silva lembrou que uma parte do país está longe dos grandes centros bancários e empresariais, em locais cada vez mais isolados, onde têm sido encerrados serviços essenciais às populações e consequentemente destruidos empregos.
"As aldeias querem sobreviver e eu estive lá", disse.
Há nove anos, quando sucedeu a João Proença, Carlos Silva prometeu aproximar a central aos trabalhadores e à população em geral e ao longo deste período fez questão de honrar a promessa percorrendo o país, visitando empresas, câmaras municipais, escolas e outras entidades.
Carlos Silva considerou que "Portugal é uno", mas as diversas regiões não têm tido igualdade de oportunidades.
"É por isso que temos de lutar, não desistimos", disse, na sua última intervenção no congresso.
Carlos Silva citou, a propósito, Mário Soares, que o influenciou a juntar-se à juventude socialista aos 14 anos, que defendia que "só perde quem desiste de lutar".
A última tarefa de Carlos Silva ainda enquanto secretário-geral da UGT foi apresentar o relatório do último mandato, que foi aprovado com 10 votos contra e oito abstensões, sob fortes aplausos.
Carlos Silva aproveitou a sua última intervenção para criticar a postura contestária da CGTP.
Lembrou algumas das muitas iniciativas concretizadas nos últimos cinco anos, reconheceu que nunca está tudo feito e afirmou que "o folclore não faz parte da cultura da UGT", aludindo ao sindicalismo de intervenção na rua.
Contudo, na abertura do congresso, a UGT mostrou ter apreço pelo verdadeiro folclore, já que, a anteceder o início dos trabalhos, os congressistas assistiram a uma exibição de danças e cantares do Rancho Folclórico da Ribeira de Santarém.
Na hora da despedida, não faltaram palavras de carinho e elogios à liderança de Carlos Silva.
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