'Bitcoins' não são panaceia para os problemas de África

O diretor do departamento africano do Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou hoje que a introdução de moedas digitais no sistema monetário dos países africanos não é uma panaceia para os desafios económicas da região, embora reconheça vantagens.

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Lusa
28/04/2022 14:48 ‧ 28/04/2022 por Lusa

Economia

FMI/Previsões

"Se fizer parte de um movimento bem preparado para a digitalização e através da utilização de moedas digitais do banco central, as moedas criptográficas podem contribuir para um sistema de pagamentos mais robusto" no continente, disse Abebe Aemro Selassie durante a conferência de imprensa de apresentação das Perspetivas Económicas Regionais para África, hoje divulgadas em Washington.

No entanto, salientou, comentando o caso da República Centro-Africana, que "a simples adoção da possibilidade de utilizar 'bitcoins' é algo que precisa de ser controlado muito, muito cuidadosamente".

"Precisamos de garantir que o quadro legislativo, a transparência financeira e boas medidas de governação estão tudo em vigor de forma robusta, e com inclusão".

A República Centro-Africana, o segundo país menos desenvolvido do mundo, segundo a ONU, anunciou na quarta-feira que tinha adotado o 'bitcoin' como moeda oficial, juntamente com o franco centro-africano (CFA), tornando-se o primeiro país em África a adotar este sistema, depois de El Salvador, em setembro do ano passado ter feito o mesmo.

No relatório sobre as economias africanas, o FMI elencou três prioridades: equilibrar a inflação com o crescimento económico, lidar com o impacto da guerra na Ucrânia sem mais endividamento e gerir as taxas de câmbio.

"Três prioridades imediatas para uma perspetiva de evolução económica condicionada e cada vez mais complexa devem ser adotadas pelos países africanos", lê-se no relatório sobre as Perspetivas Económicas Regionais para África, hoje divulgado em Washington na reta final dos Encontros da Primavera do FMI e do Banco Mundial, no qual se alerta para choques múltiplos e pouca capacidade de resposta dos Estados.

"Para além de acelerar a campanha de vacinação para proteger a região de novas ondas da pandemia de covid-19, os decisores políticos enfrentam três prioridades: equilibrar a inflação com o crescimento, lidar com o impacto económico da guerra na Ucrânia sem aumentar a vulnerabilidade da dívida e gerir o ajustamento das taxas de câmbio", aponta-se no relatório, que dá conta de diversas dificuldades na recuperação das economias africanas.

No ano passado, a recuperação económica foi mais robusta que o previsto, e o FMI atualizou a previsão de crescimento da região de 3,7% para 4,5%, mas para 2022 a estimativa desceu para 3,8%.

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