"Ver este último desenvolvimento geopolítico entre a Rússia e o Ocidente como uma oportunidade para o gás da África subsaariana se catapultar para o palco mundial é subestimar os desafios existentes e exagerar a capacidade para [os países] os ultrapassarem", disse Marisa Lourenço, em declarações à Lusa.
Em causa está a tentativa dos países ocidentais de diversificarem as compras de gás à Rússia, e a perspetiva de que os países africanos produtores de gás podem ser uma alternativa viável.
"Os países europeus vão certamente continuar a explorar as possibilidades de compras aos maiores produtores africano de gás, mas isto vai ser feito principalmente através de acordos casuísticos, e não uma mudança sísmica", disse Marisa Lourenço.
De acordo com a analista, "o recente debate sobre as sanções à exportação de gás da Rússia mostrou que as nações europeias dificilmente vão virar as costas ao gás russo, por isso a África subsaariana é apenas uma parte do puzzle".
A Rússia é a principal fornecedora de gás à Europa, representando 32% das compras dos países europeus, contra 8% da Nigéria, por exemplo, que é maior produtor de gás e petróleo na África subsaariana.
A principal dificuldade, afirmou Marisa Lourenço, é que "apesar de alguns países poderem ajudar a diversificação, o impacto só será visível dentro de dois ou três anos, porque o estado de desenvolvimento do mercado é ainda pouco maturo, o que significa que os produtores não estão preparados para aumentar a produção em grande escala, a que se juntam os altos riscos operacionais".
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro e a ofensiva militar provocou já a morte de mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou a fuga de mais de 13 milhões de pessoas, das quais mais de 5,5 milhões para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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