"A coesão territorial é um imperativo. Tem que ser politicamente gerida com inteligência, para não criar um problema em vez de resolver um problema. A pior coisa que poderia haver era haver o ressuscitar de querelas e debates de outros tempos, não aproveitava a ninguém: nem à execução do Plano de Recuperação e Resiliência [PRR], nem à execução do Portugal 2030, nem à descentralização na sua efetiva dimensão", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República falava no encontro "Portugal XXI: País de futuro", que decorreu hoje na Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, também com a participação da ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, do vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz, e do presidente do Portugal XXI, Hugo Nogueira.
O chefe de Estado considerou que "a sociedade portuguesa está muito assimétrica, é evidente, e está assimétrica entre as várias regiões e dentro das várias regiões".
Além da coesão territorial, Marcelo Rebelo de Sousa abordou também a coesão social, afirmando que, nesse aspeto, "os desafios passam por haver um crescimento económico sustentado, que vá criando condições para diminuir os riscos de pobreza, os riscos de precariedade, e os riscos de exclusão".
"Há, de facto, o problema de como enfrentar, de uma maneira também o mais consensual possível, essa questão", reconheceu.
O Presidente da República salientou que "numa sociedade envelhecida em que não é por acaso que há uma coincidência entre o envelhecido e o pobre, tudo isso puxa para trás e frustra muito aqueles que, mais jovens, querem andar para a frente, e pode criar uma clivagem geracional que é indesejável".
Marcelo considerou que o desafio demográfico será um dos "difíceis de vencer até 2030", sublinhando que "pode começar a travar-se a evolução", mas "não dá tempo" para "inverter sustentavelmente a evolução" de envelhecimento da sociedade portuguesa.
No que se refere às qualificações, o chefe de Estado considerou que o país pode "ir mais longe, e o Plano de Recuperação e Resiliência pode dar uma ajuda, e o Portugal 2030 pode dar uma ajuda".
"Não passa só por aí, é preciso mais do que isso. Porquê? Porque (...) a disputa nas qualificações é com os outros, que estão também a melhorar a ritmo acelerado, cada vez mais acelerado", frisou.
"Portanto, temos de acelerar o ritmo nas qualificações todas: isto significa a educação, significa o contributo da cultura, significa a ciência, a inovação e, sobretudo, no terreno", acrescentou.
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