"A previsão para este ano foi revista em baixa em 1,7 pontos percentuais, já que a guerra leva a preços de energia mais altos, a disrupções contínuas nas cadeias de abastecimento e a condições financeiras mais apertadas", lê-se no relatório 'Perspetivas Económicas Globais' ('Global Economic Prospects'), hoje divulgado.
Segundo o Banco Mundial, o crescimento na zona euro "deverá abrandar ainda mais, para uma média de 1,9%, em 2023-24, à medida que o Banco Central Europeu apertar a política monetária e as repercussões da guerra continuam a penalizar a atividade".
De acordo com a instituição financeira, os "subsídios à energia em várias das grandes economias da zona euro, apesar de causarem distorções, deverão amortecer ligeiramente o impacto dos altos custos de energia no consumo das famílias".
No relatório hoje divulgado, o Banco Mundial nota que "a atividade na zona euro desacelerou na primeiro metade de 2022, principalmente devido à invasão russa da Ucrânia e a um ressurgir da covid-19", e nota que "os principais países da região são particularmente dependentes de importações de energia da Rússia - nomeadamente de gás, cujas importações russas representam cerca de 35% do total das importações de gás da zona euro".
E se, "para além da energia, a exposição comercial direta da zona euro à Rússia é pequena, o que limita a impacto direto das sanções" impostas àquele país, o Banco Mundial refere que "os efeitos indiretos sobre já pressionadas cadeias de abastecimento, as tensões financeiras acrescidas e o declínio no consumo e na confiança empresarial têm abalado a atividade" na região euro.
Considerando o grupo das economias desenvolvidas, o Banco Mundial prevê que o respetivo crescimento desacelere "acentuadamente" de 5,1% em 2021 para 2,6% em 2022 - 1,2 pontos percentuais abaixo das projeções anteriores -- e perspetiva "um crescimento ainda mais moderado, em torno dos 2,1%, em 2023-24, refletindo a progressiva retirada dos apoios orçamentais e monetários introduzidos durante a pandemia e o esgotamento da procura acumulada.
"Nas economias desenvolvidas, a atividade está a ser penalizada pela subida dos preços da energia, pelas condições financeiras menos favoráveis e pelas disrupções na cadeia de abastecimento, que foram agravadas pela guerra na Ucrânia", salienta.
Segundo sustenta, "um eventual agravamento da guerra na Ucrânia é o principal risco que ameaça estas previsões, já que poderia desestabilizar a já de si complicada situação geopolítica, desencadear aumentos adicionais dos preços da energia e dos alimentos, exacerbar as pressões inflacionistas, pressionar ainda mais as condições financeiras e prolongar a incerteza política".
Globalmente, o Banco Mundial prevê que o crescimento económico caia "acentuadamente" de 5,7% em 2021 para 2,9% em 2022, "significativamente abaixo" dos 4,1% previstos em janeiro, ficando o rendimento 'per capita' nas economias em desenvolvimento 5% abaixo da tendência pré-pandemia.
O crescimento global deverá depois "manter este ritmo", em torno dos 3%, em 2023-24, "à medida que a guerra na Ucrânia causa disrupções na atividade, no investimento e no comércio a curto prazo, a procura acumulada se reduz e a política económica e fiscal acomodatícia é retirada".
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